O mercado de trabalho e os seus desafios para os jovens

O principal motivo para a saída dos brasileiros é a atual situação econômica do país. Um estudo do Instituto da Fundação Getúlio Vargas (Ibre FGV) revela que o Brasil só deverá alcançar o pleno emprego a partir de 2026

Fotomontagem feita por Artur Nogueira com as fotos de: Rovena Rosa/Agência Brasil e Emmanuel Zua/Pexels

O sonho negado de uma vida melhor faz milhares de brasileiros, principalmente jovens, imigrarem para outros países. Só entre outubro de 2020 e setembro deste ano, quase 57 mil pessoas foram detidas tentando entrar ilegalmente nos EUA. Esse número é mais que o dobro dos últimos três anos somados. Lá, os brasileiros sofrem diversas violências físicas e psicológicas.

Há um mês, o mineiro Leo, de 23 anos, foi deportado dos EUA para o Brasil. Ele desembarcou no Aeroporto Internacional de Confins, na região metropolitana de Belo Horizonte, ao lado de outros brasileiros de várias partes do país.

“Nos colocaram em prisões de alta segurança e nos devolveram ao nosso país algemados. Eu, que sempre fui saudável, voltei tomando cinco antidepressivos e tive alopecia, metade do meu cabelo caiu. Foram sete meses de agonia e terror”, contou ele ao jornal El País.

O principal motivo para a saída dos brasileiros é a atual situação econômica do país. Um estudo do Instituto da Fundação Getúlio Vargas (Ibre FGV) revela que o Brasil só deverá alcançar o pleno emprego a partir de 2026, ou seja, após uma década recessão.

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE, o desemprego no Brasil é de 13,2% no trimestre encerrado em agosto deste ano. Ainda segundo o levantamento, 31,1 milhões de pessoas estavam subutilizados e 73, 4 milhões fora da força de trabalho.

Uma das alternativas que poderiam ser adotadas pelos governos – municipais, estaduais e federal – para mudar essa lógica perversa, conhecida como economia “real”, seria optar pela economia solidária. Nesse modelo econômico, o lucro obtido na venda dos bens produzidos é dividido entre todos.

A economia solidária está presente em vários setores: ambiental, artesanal, setor alimentício e de confecções são apenas alguns exemplos. O problema é o pouco ou quase nenhum apoio governamental.

Feira de Artesanato da Bahia I Foto: Leonardo Araújo

De acordo com dados recentes divulgados antes da pandemia, a economia solidária movimentava cerca de R$ 15 bilhões por ano no Brasil e gerava aproximadamente cerca de 400 mil empregos formais.

Apesar de toda essa importância, o número de linhas de crédito é insuficiente, falta apoio técnico e acompanhamento, além de espaços públicos para que os trabalhadores possam vender os seus produtos.

“Como alimentar os milhares de milhões de seres humanos cujas realidades inevitavelmente colidem com os limites para a água e os recursos naturais que necessitam?, perguntou o revolucionário cubano Fidel Castro no seu último discurso em abril de 2016.

Passados cinco anos da sua indagação, a exploração capitalista no Brasil e parte do mundo continuam explorando os trabalhadores e os seus recursos naturais.

Em Brasília, um projeto da deputada Federal Greyce Elias (Avante-MG), propõe que a mineração seja considerada uma atividade econômica de “utilidade pública”. Como pode ser pública, se o lucro dessas empresas vai para o bolso dos seus acionistas nacionais e internacionais?

A economia deve estar a serviço da vida dos trabalhadores e não para o acúmulo do capital para poucos. As centenas de mortes causadas pelo crime da Vale em Mariana e Brumadinho nos mostram que esse sistema econômico é injusto e assassino.

A defensora do projeto da mineração, Greyce Elias, é casada com o ex-vereador Pablo César de Souza, conhecido como Pablito. Na Receita Federal, Pablito consta como sócio em três empresas de mineração. Com um salário de quase R$ 23 mil, Pablito é assessor no gabinete do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Congresso e pré-candidato a Presidência da República

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