O Paraguai e seu bicentenário

Sob os ventos auspiciosos do fortalecimento e integração da América Latina, a comemoração dos 200 anos de Independência do Paraguai teve, neste dia 15 de maio, data do grito diplomático da libertação daquele país, sentidos profundos de nacionalismo e de reconhecimento à história aguerrida de nossos vizinhos. Para se ter uma ideia, as comemorações do bicentenário tiveram início ainda no ano passado, tendo na valorização da identidade nacional o fio condutor das festividades. O som de Independência começa, aos poucos, a ganhar outra conotação, outros estímulos, em um presente semeado para o futuro, dissipando o olhar para o passado, para uma história que poderia ter sido diferente e não foi.

Entretanto, é inevitável falar da Independência sem tocar nas feridas calcificadas decorrentes da Guerra da tríplice aliança que mudou, abruptamente, os rumos da recente Independência que fecundava o desenvolvimento e forjava as bases de um estado nacional e soberano. A história de Independência do Paraguai e o desenvolvimento pós-independência têm lições a ensinar nestes tempos de novos prismas progressistas lançados na América Latina.

A Independência do Paraguai precipitou no país, conduzida inicialmente pelo governo de José Rodrigues Francia, a formação de um Estado Nacional, caracterizado pela ruptura com a Igreja Católica, pela estatização de fazendas e estímulo ao trabalho comunitário e ao investimento na educação, que reduziu significativamente o analfabetismo no país.

Também foi momento de crescimento econômico através da modernização, e a pujante produção agrícola dissonante aos interesses imperialistas.

Contudo, a nacionalização do Paraguai e o isolacionismo contrariavam os interesses do capitalismo britânico e das elites e das camadas dirigentes do Brasil e da Argentina vinculadas e submetidas ao capital inglês. O resultado do conflito de interesses (Estado Nacional x Imperialista) deflagrou a Guerra da Tríplice Aliança, mudando a história do Paraguai, que àquele período apontava os rumos progressistas em um tempo ainda de submissão e atrelamento ao capital britânico.

Sob novos paradigmas lançados na América Latina, ao Brasil, de novos tempos, cabe enaltecer o bicentenário do Paraguai, refazer a história e contribuir com a reconstrução deste país e fazer da América Latina um corpo só.

Aqui em Foz do Iguaçu, onde dividimos fronteira com nossos irmãos paraguaios, não poderíamos ficar indiferentes a este processo de comemoração e reflexão sobre a Independência do Paraguai e a construção de uma América Latina Integrada. Por isso, neste dia 17, vamos reafirmar esta nova postura do país na Câmara Municipal de Vereadores, com a entrega da moção de aplauso ao bicentenário de Independência do Paraguai.

Afinal, entendemos que homenagear a comunidade paraguaia é símbolo do importante processo de integração da América Latina. “É o reconhecimento de que a integração começa pela fronteira, onde segundo o ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, “está o coração da integração”.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor