O parlamento se rende à poesia

Dos três “poderes constituídos” (legislativo, executivo e judiciário), o parlamento é, sem dúvida, o que mais se parece com o povo, tanto nos defeitos como nas qualidades. Ao contrário do executivo,

Por conta desse caráter plural e contraditório, muitas vezes o parlamento produz cenas desconcertantes. É capaz, a um só tempo, de atos mesquinhos e grandiosos.

Os atos mesquinhos são vastos, mas não são objeto de análise desse artigo. Quero destacar seu lado grandioso. Dentre estes atos grandiosos está a homenagem que acaba de prestar ao destacado poeta Tiago de Melo, por ocasião do seu aniversário de 80 anos.

Idealizada pela Deputada Vanessa Grazziotin (PCdoB, Am) a homenagem teve o caráter protocolar do qual não se pode prescindir em momentos solenes como estes: entrega de placas, discursos e autógrafos. Mas não se restringiu a isso.

Para lá acorreram, além de dezenas de parlamentares federais, representantes do parlamento estadual, das prefeituras de Manaus, Barreirinha e Carauari, da Academia brasileira de letras, bem como de sua congênere amazonense, a superintendente da Suframa, representante do Ministério da Cultura, o presidente da Câmara dos Deputados, Embaixadores, Diplomatas, artistas, intelectuais, admiradores, além de amigos e familiares do poeta e de sua esposa Aparecida.

A estatura do homenageado ficou evidente tanto pela qualidade do seleto público que se acotovelava para lhe homenagear, quanto pela inusitada demonstração de unidade da bancada federal do amazonas na simbólica homenagem que lhe prestou. Senadores e Deputados do Amazonas deixaram suas divergências de lado e recitaram, cada um uma estrofe, do mundialmente famoso “estatutos do homem”, sem dúvida uma das mais belas e profunda criação do homenageado.

Tiago de Melo, contemporâneo de Pablo Neruda, autor de “Estatutos do Homem”, de “Faz Escuro mas eu canto” e da célebre estrofe “eu não tenho um novo caminho, mas apenas um novo jeito de caminhar”, não conteve a emoção, mesmo acostumado a tantas homenagens mundo afora.

Na sua intervenção agradeceu emocionado a distinção recebida, simbolizada na placa que lhe foi repassada pessoalmente pelo presidente da Câmara, Deputado Aldo Rebelo, salientou o papel da Deputada Vanessa e de toda a sua assessoria, registrou a alegria de ver toda a bancada federal coesionada em sua homenagem e destacou o papel democrático do parlamento, como porta voz do povo.

E, como se fosse pouco o que até então se tinha assistido, entrou em cena o grupo “Raízes Caboclas” para completar a homenagem, executando uma série de canções amazônicas, cuja plasticidade estética em muito se assemelha a poesia do homenageado.

A homenagem foi justa e oportuna. E atos como esse agigantam o parlamento.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor