O pensamento das Farc por seu comandante-em-chefe

O comandante-em-chefe das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (Farc-EP) expôs aos seus combatentes o pensamento da Organização. O documento, datado de junho 2008, foi redigido em meio a uma redistribuição de funções e reajustes d

A nota, assinada por Alfonso Cano, pelo Secretariado, revela que, durante a última semana do mês de maio, foram recebidas mensagens de solidariedade de todas as unidades de luta, em que destacam a gigantesca dimensão política e militar do comandante Manuel Marulanda Vélez como um dos maiores revolucionários da história colombiana. E reafirmam a lealdade absoluta ao seu legado, ao compromisso de luta e aos objetivos de transformação revolucionária.


 


 


Segundo Alfonso Cano, “o intercâmbio de opiniões frente a atual situação ratificou o sagrado compromisso revolucionário das Farc-EP, de manter firme e muito alto as bandeiras da Nova Colômbia, a Pátria Grande Bolivariana e o Socialismo e reafirmou a vigência de nossos planos políticos militares e de nossa condição de combatentes da paz democrática, ou seja, da paz com justiça social”.


 


 


”Vale recordar que as Farc nasceram há 44 anos em resposta popular e revolucionária ao terror institucional e para-institucional do Estado, à vergonhosa intromissão ianque em nossos assuntos internos, ao despojo das terras e sua exacerbada concentração em poucas mãos, às profundas injustiças sociais existentes e à voraz corrupção da oligarquia, realidades todas que hoje perduram, multiplicadas, para desgraça de nosso povo”.


 


 


O texto reafirma que a luta pela reconciliação da família colombiana e a construção de um novo tecido social justo faz parte do dever revolucionário das Farc. Que, entretanto, a oligarquia, que tem acumulado, de forma injusta, grandes fortunas e poder político, não quis nem quer compartilhar um pouco de seus privilégios com as maiorias do país e por isso frustra qualquer possibilidade sólida de acordos de paz.


 


 


“Insistiremos quantas vezes forem necessárias para fazer o acordo humanitário que crie regras claras em favor da população civil, de obrigatório cumprimento para as duas partes e que, antes de tudo, priorize a liberdade dos camaradas extraditados e de todos os prisioneiros de guerra de ambos os lados”, diz Alfonso Cano. Ele lembra, no entanto, que o governo não tem mostrado o menor interesse em fazer a troca de prisioneiros, simplesmente porque seria um reconhecimento, de fato, do status beligerante de uma guerrilha revolucionária à qual querem satanizar.


 


 


No texto, um reconhecimento de que os caminhos que conduzem ao incremento da luta popular em suas mais variadas formas e à conquista do poder, nunca foram fáceis, nem agora, nem antes. E uma profunda convicção na vitória, fruto de “um monolítico esforço coletivo”. Aos reacionários que fazem contas alegres sobre aniquilamento das Farc, uma informação: “a intensidade da confrontação nos fortaleceu e nos levou a estreitar os vínculos com as comunidades, suas organizações e as lutas populares, elevamos nossa disciplina e o respeito pela população civil”.


 


 


“Tombaram guerrilheiros porque assim é a luta, mas também, seu generoso sangue derramado é uma evidência de nosso total compromisso com o povo, outros camaradas estão chegando a ocupar seu lugar e muitos mais continuam à chegar às fileiras. Assim foi também o processo de nossa independência e todos os processos libertadores da humanidade quando e onde foram desatados os demônios da guerra”.


 


 


O texto denuncia “a agressão militar do governo, que sob a máscara da confrontação com a guerrilha, massacra civis para apresentá-los como guerrilheiros, arrasa lavouras, campos e bosques de reserva com os bombardeios, gera deslocamentos, possibilitando o despojo de suas terras e aterrorizando a quem proteste, através da ameaça direta, a agressão e o crime”. E conclui com uma exortação revolucionária a “todos aqueles que não descansarão na busca da justiça social, a democracia e a soberania, suportes verdadeiros da convivência com a qual sonhamos todos…”.


 


 


Para acessar o texto integral e o comunicado de 5 de julho sobre a fuga dos 15 prisioneiros de guerra, em 2 de julho, clique aqui.

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