O perigo do idealismo

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Fazia algum tempo que eu queria fazer um texto sobre essa temática, só me faltava tempo para isso e esse mês, enfim, consegui, em especial por julgar ser pertinente esse debate logo agora que acabaram o segundo turno das eleições municipais.

Quando se olha no dicionário o que vem a ser idealismo, nos deparamos com a seguinte descrição: “propensão a idealizar a realidade ou a deixar-se guiar mais por ideais do que por considerações práticas”. Portanto, podemos afirmar que idealizar um fato que não existe, resume sua definição.

Trago esse tema para nortear esse texto haja vista que julgo ser este um dos maiores problemas que encontramos na esquerda. Você deve estar se perguntando o motivo que afirmo isso com tanta convicção, haja vista que temos outros temas tão urgentes quanto, que precisamos debater, como por exemplo o papel das pautas identitárias nos movimentos revolucionários.

A ideia de um mundo ideal povoa a mente de muitos militantes, fazendo com que fujam da realidade e não sejam capazes de enxergar a realidade concreta. Um bom exemplo desse idealismo se dá quando se pensa nos países socialistas.

O sujeito idealiza tanto, de tal forma, que quando ele encontra a realidade prefere atacar que entender, ou seja, ele idealiza um mundo tão perfeito na sua mente que quando encontra o mundo ideal prefere o ataque à defesa.

Exemplos disso são a China e a Coreia Popular. Essas pessoas idealizam tanto um mundo fictício, tirado dos contos de fada mais lindos que se pode pensar que quando se deparam com a construção que esses povos milenares têm feito de seu processo revolucionário preferem fechar os olhos e dizer que não são experiências socialistas simplesmente porque seu mundo ideal difere da realidade concreta encontrada.

Esse perigo do idealismo nos ajuda a entender porque parte da esquerda ataca os países comunistas, é exatamente pela dualidade idealismo x realidade que o impede de enxergar as coisas somo elas são de fato.

Outro exemplo que temos de idealismo é a compreensão do governo Bolsonaro. O cenário ideal seria juntar somente as forças de esquerda e se contrapor ao atual mandatário do país, tomando o poder e instalando a ditadura do proletariado. Entretanto, não é essa a realidade, e o verdadeiro marxista precisa entender a encarar a realidade

como ela é, não ficar fantasiando em cima de ideias abstratas e que pouco dialogam com a realidade, por isso, nesse caso específico, temos a necessidade de uma frente ampla.

Prova de seu sucesso foi o resultado nos municípios onde se foi possível construir frentes amplas (mesmo que no segundo turno): a extrema direita foi derrotada, como no caso do Rio de Janeiro. Entretanto, a tática da frente ampla não é exclusiva da esquerda, basta ver onde os neoliberais tiveram condições de também construir frentes amplas eles venceram o campo popular, como é o caso de Porto Alegre e São Paulo, ou seja, a tática não é específica de um setor, é preciso usá-la antes que o inimigo a utilize.

É preciso que encaremos a realidade como ela é e não caiamos no erro da abstração, acreditando somente no que nos convém e não enxergando as peças do tabuleiro como elas são, a esquerda conteve as fissuras da derrota de 2016, mas ainda não avançou como precisa para ter condições de retomar o poder central da nação. Por mais que o grande derrotado dessas eleições seja Bolsonaro, estamos ainda longes de nos livrar do perigo da serpente fascista solta nos últimos anos em nossa nação.

Faz-se fundamental que parcela da esquerda que ainda vive fora da realidade mergulhe de uma vez por todas nela: somos minoria e para conseguirmos vencer a guerra, precisamos travar batalhas nos aliando com inimigos de classe, mas que momentaneamente estão do mesmo lado da trincheira que o nosso.

Para concluir trago novamente a importância da reflexão do perigo do idealismo abstrato nas fileiras da esquerda, precisamos combater e vencer essa chaga.

Até a próxima.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
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