O pior inimigo do BraZil é o seu próprio governo

A grande maioria dos trabalhadores, empregados, subempregados, desempregados e desalentados, carregam o peso de uma incompetência e de sabotagem explícita da nossa economia

Foto: Alan Santos/PR

O pior pesadelo de uma pessoa é ele não ter condições de sobreviver. Não ter um emprego. Não ter o que comer. Não ter condições de ter nada além da sua própria materialidade. E hoje, neste país, temos boa parte da população sem esperança de dias melhores. As que eram pobres se colocaram na situação de miséria e se encontram na perigosa fronteira da fome. Esses são os nossos “miseráveis da terra”, ou os “sem importância” para o governo. É tragédia social.

Os que tinham saído da pobreza, conheceram o consumo e as oportunidades. Estavam longe, é verdade, de serem plenos cidadãos, mas tinha uma esperança. Tinham uma perspectiva. Em sete anos retornaram a pobreza. Perderam seus bens materiais. Perderam sua dignidade.

O percentual de endividados bateu um novo recorde em abril deste ano, ao atingir 28,6% do total das famílias brasileiras. O índice é 0,8% maior do que o registrado em março e 4,3% a mais do que abril do ano passado. Os dados foram divulgados por um relatório da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), nesta segunda-feira 2.  Isso significa que quase 30 entre 100 famílias braZileiras estão diante do cenário de falta de perspectivas de melhorias de renda e um endividamento que pressiona sua vida para baixo.

O BraZil também tem 10,9% de famílias que se declaram como inadimplentes, sem condições de pagar as suas contas ou com dívidas em atraso que permanecerão sem quitação. E na raiz do aumento do endividamento está o ainda elevado nível de desemprego, muito alto e próximo do nível pré-pandemia, acima de 11%. E quando abrem vagas de novos empregos, a maioria é de baixa qualidade. É verdade que foram criados 8 milhões de empregos desde o ano passado, só que 62,5% são de baixa qualidade, sendo que sem carteira assinada, foram 2 milhões.

Além disso, em 2021 a renda média real do braZileiro, caiu 10% e a massa salarial geral, que representa o conjunto de geração de empregos, caiu 1%. Com a economia destruída por uma “equipe” econômica que simplesmente cruza os braços nessa situação, o aumento do crédito não tem sido acompanhado pelo aumento do consumo, e isso sai da tragédia pessoal, passa tragédia familiar e atinge toda a nação.

Um dos efeitos do maior endividamento é que as famílias têm comprometido parte maior de sua renda com a cobertura do serviço da dívida. Isso aconteceu porque os devedores mais pobres costumam a pagar seus débitos, mas o elevado desemprego aumentou a busca por empréstimos para quitar dívidas e comprar comida, inclusive por meio do crédito rotativo do cartão de crédito. No fim do ano passado, os juros do cartão de crédito chegaram a 349,6%, o maior valor desde 2017, de acordo com o BC. O crédito total para pessoas físicas aumentou 36% em 2021.

E para completar o cenário devastador, a inflação: IPCA-15 fecha mês de abril em 1,73%, maior índice em 27 anos. Gasolina puxa a alta e o acumulado em 12 meses registra 12,03%. Sem falar na inflação de alimentos, que já passou dos 20%.

Esse governo não apresenta soluções para essa situação por dois singelos motivos: não tem competência para elabora um programa de retomada do crescimento deste país e porque, ao que parece, quer mesmo é ver este país empobrecido e cada vez mais dependente do exterior, leia-se Estados Unidos da América.

A grande maioria dos trabalhadores, empregados, subempregados, desempregados e desalentados, carregam o peso de uma incompetência e de sabotagem explícita da nossa economia e levará muitos anos até que o país se recupere da praga bolsonarista.

Até lá o que se faz necessário é ter um governo que olhe para o BraZil, esse mesmo com “z”, que é a representação simbólica de como nós, nos últimos anos os governos aceitaram candidamente a condição de nação subalterna, e faça, através de um programas e políticas públicas, que voltemos a ser o BraSil que merecemos.

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