O valor da lealdade na aliança PCdoB-PT

A lealdade é um valor precioso nas relações humanas. Você que nos lê neste instante certamente concorda, pela própria experiência de vida. Na política é um fator indispensável à convergência

O comentário vem a propósito do projeto de resolução que a direção nacional do PCdoB aprovou, no último fim de semana, e que será submetido à Convenção Nacional eleitoral, que acontecerá em junho, em Brasília. O destaque é a confirmação da aliança com o Partido dos Trabalhadores e o apoio à reeleição do presidente Lula.
Parece uma decisão óbvia, mas não é.
Num quadro político de enormes turbulências desencadeadas a partir de erros graves cometidos por dirigentes do PT e membros do governo, que deram ensejo ao  ataque cerrado ao presidente, ao governo e ao seu partido há precisos doze meses, por parte das oposições lideradas pelo PSDB e PFL, com ajuda do PSOL e do PSTU, com ampla guarida e ressonância na mídia, seria fácil e cômodo cair fora do barco e mudar de lado. Alguns outrora bem situados no espectro partidário à esquerda, como o PDT e o PPS, o fizeram de forma lastimável.
Por isso é preciso descortino, compreensão profunda e conscienciosa da realidade, firmeza de convicções e sagacidade tática para não perder o rumo. O PCdoB no governo, no parlamento e nos movimentos sociais, jamais se eximiu de oferecer críticas à administração e ao PT, sem entretanto perder o equilíbrio nem se afastar do padrão de respeito mútuo que pauta a relação de aliados estratégicos assumida pelos dois partidos desde o pleito presidencial de 1989. Os comunistas nunca arrefeceram a defesa de alterações na política macroeconômica, nem em nenhum momento arriaram a bandeira do combate à corrupção.
Assim, o posicionamento atual mostra-se coerente e firme. Parte da compreensão de que o Brasil atravessa um instante decisivo para o seu destino mediato. O pleito de outubro permitirá que os brasileiros escolham entre avançar na transição para um projeto de desenvolvimento soberano, democrático e socialmente progressista ou retroagir para a estagnação econômica, o desemprego, as privatizações de empresas públicas estratégicas, a subserviência aos EUA e às restrições aos direitos democráticos.
Mas não se trata de um apoio incondicional. O projeto de resolução contém uma plataforma desenvolvimentista e  defensora do aperfeiçoamento da democracia e das relações de trabalho, posta à apreciação do presidente e dos partidos aliados. Instrumento útil a uma nova pactuação política e social em torno de um provável segundo mandato de Lula.
Um exemplo de postura leal na construção conseqüente de uma aliança política que se solidifica com a prática.

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