Ódio x solidariedade

A crise do poder capitalista, aprofundada pela pandemia do coronavírus, revelou ao mundo que o sistema regido pelo capital financeiro submergiu no caos por não ser capaz de planificar a necessária defesa das sociedades como fazem as nações socialistas. Fica provado que os povos só terão garantia de sobrevivência se os Estados derem prioridade à defesa da vida humana.

Chineses chegam à Itália para prestar apoio no combate ao coronavírus

Diante do prosseguimento de Trump, e do seu fantoche Bolsonaro, das ameaças de guerra, invasões, boicotes econômicos e pirataria, alimentados pelo hábito prepotente de aplicar a violência e o ódio contra as nações mais frágeis, sobressai aos olhos da humanidade o supremo valor da solidariedade concreta da China, de Cuba (que estão na Itália, em Angola, e em outros países levando o seu plano de saúde e os equipamentos necessários) e também da Venezuela, que oferecem proteção médica aos seus antigos inimigos políticos. O Presidente Maduro dirigiu um convite aos seus opositores que agora fogem do vírus na Colombia, para que voltem à Mãe Pátria e aceitem a sua proteção em casa de acordo com as regras da quarentena.

Fica patente que no sistema capitalista não existem condições de solidariedade efetiva para salvar vidas além da figura emocional de uma caridade pessoal ineficiente que projeta a intenção de quem “deseja fazer o bem” mas não tem os recursos do Estado. Fica visível que o Estado Mínimo, defendido pelo sistema capitalista (para assegurar a competência no plano económico), despreza a proteção à vida de todos os que não têm riqueza própria para pagar hospitais privados e contratar pessoal de saúde para os tratar em casa.

O quadro aberrante da necessidade de interromper a quarentena para abrir as creches para as criancinhas, as escolas para crianças e jovens e os lares de idosos, que as sociedades capitalistas hoje apresentam para libertar os trabalhadores para recomeçarem a produção nas empresas privadas, nada mais é do que o abandono da população mais pobre do necessário programa de defesa da saúde contra a ameaça do vírus Covid-19.

Conquistas dos trabalhadores na luta mundial

Quando o sistema capitalista estava em desenvolvimento no século 19, para atenuar a miséria da classe trabalhadora, foi instituído o Estado Social com alguns recursos de atendimento à saúde, assim como também da educação na escola pública, para que nos países mais desenvolvidos a população pobre tivesse alguma proteção e formação profissional para melhor poderem trabalhar. Estes benefícios começaram a ser reduzidos com o surgimento do projecto neoliberal que preconizou o Estado Mínimo e a expansão do poder financeiro privatizado. Os países “em desenvolvimento”, ainda atrasados pelos efeitos nefastos da colonização e da exploração comercial dos mais ricos, que mantiveram as estruturas econômicas e sociais com características de escravidão e miséria dominados pelas antigas oligarquias.

Só no século 21 as nações capitalistas da América Latina alcançaram a possibilidade de elegerem governos progressistas com apoio popular animados pela Revolução Cubana que implantara o socialismo na Ilha ainda com o apoio da União Soviética que fora implodida no final da década de 1980. Sob a vista do imperialismo dos E.U. e com o modelo do Estado Social empobrecido na Europa mantido sob governos sociais-democratas, no Brasil durante a gestão do Presidente Lula desenvolveu-se o Sistema Único de Saúde e a Educação Popular que, conjugados com a Bolsa Família, integraram o maior número de brasileiros na condição de cidadania, fora da miséria. Era um começo para se chegar à democracia, mas não superou a ambição de lucro individual e privado, não dividiu a renda e a riqueza nacional com igualdade entre toda a população.

Com as dificuldades criadas pela política económica global e a oposição alimentada pelas forças saídas da ditadura militar, foram os vários projectos de iniciativas institucionais que fortaleceram o SUS e as universidades para que houvesse apoio e financiamento para fortalecer o Estado Social e torná-lo eficiente, com oposições contínuas de partidos políticos defensores do Estado Mínimo (visível no caso da Previdência Social gerida por Temer que impediu o cumprimento dos Convênios de Trabalho reclamados por trabalhadores que emigraram no período da ditadura, e a defesa das vítimas da Ditadura que não conseguiu exercer as suas funções plenamente como o fizeram na Argentina e Uruguai).

Conquistas de Lula sofrem golpe

As grandes conquistas da esquerda nos governos de Lula motivaram o golpe organizado para derrubar Dilma que o substituíra na Presidência. Esvaziaram as funções sociais do Estado reduzindo o apoio financeiro e as instituições de investigação científica que haviam criado laços com as suas congêneres internacionais. Venderam algumas a empresários estrangeiros que preferiram fechá-las para não prejudicarem os produtos escusos que vendem habitualmente.

Tudo o que se alcança com planificação, tendo em vista a sobrevivência com qualidade para todo o povo e o desenvolvimento das forças produtivas e a soberania nacional, desperta a oposição do sistema capitalista dirigido pelos interesses de mercado comercial e o ódio dos fantoches presidenciais criados pelo imperialismo, como Trump e Bolsonaro no continente americano.

Neste sentido mercantilista, o corona-virus favorece, com o genocídio de idosos e pobres subnutridos que vivem em locais sem condições de higiene e saúde e não podem ficar em casa durante a quarentena. As razões de desemprego massivo causado pela quarentena permitem ao sistema capitalista dar créditos bancários aos empresários que suprimem as leis do trabalho diante da grande oferta de mão de obra no desemprego. Por outro lado, a solução da educação por vídeos, limita o acesso escolar às camadas mais pobres que não dispõem de equipamentos informáticos e inclusive a rede domiciliar. É mais um fator de divisão de classe a nível escolar. Desenha-se o fosso económico, seguido das condições sociais, que aumenta a distância entre as classes estabelecida pela injusta distribuição de renda e das riquezas nacionais.

Somente as sociedades planificadas em função de garantir a vida de toda a população, de base socialista, foram capazes de enfrentar e vencer a pandemia mantendo a base solidária com todos os países mesmo os que se consideram inimigos. Um exemplo superior de humanismo no combate ao ódio.

Crise sistêmica e imagem de governantes fantoches

À medida em que se fortaleceu o poder global, com o imperialismo nos Estados Unidos e a União Europeia onde a OTAN estabelece a aliança nas agressões militares e expansão do domínio de países empobrecidos nos demais continentes, surgem figuras fictícias de governantes nacionais eleitos em condições fraudulentas, ou manobradas pelo poder econômico e cultural do país. Tais figuras têm em comum a total ausência de ética e de compromissos com a humanidade assim como com a natureza.

São bonecos ao serviço de uma elite privilegiada que ainda precisa apresentar em público algo parecido com os princípios normais de sociabilidade e deixam as tarefas irresponsáveis e criminosas para os seus títeres. Trump e Bolsonaro não recusam tomar atitudes bélicas, de provocação, ou ofensivas e grosseiras com autoridades nacionais ou estrangeiras, de revelarem a baixeza de caracter e a ausência de dignidade, inaceitáveis na figura de Presidentes, ao condenarem a população idosa ou carente à extinção, de exercerem funções de pirataria contra outros países, de roubarem as mercadorias assim como os depósitos bancários das nações que resistem ao seu empenho destruidor.

Estes monstros manobrados pelos cérebros do capital ficam impunes pelas erros e os crimes que cometem contra o povo e o país porque os seus manipuladores os perdoam e dão uma aparência de conserto nos estragos, inclusive nos crimes de morte manipulando notícias, interpretações de leis e comprando opiniões favoráveis de pessoas acovardadas. É a degradação completa dos princípios de ética e dignidade na vida nacional. Admira que a ONU apenas lamente o caminho criminoso seguido nos E.U. e no Brasil, mas não intervenha para defender a humanidade.

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