Os desafios dos comunistas no Rio de Janeiro

PCdoB-RJ traça estratégias e renova liderança visando eleições municipais e aliança com governo Lula para mudanças significativas.

23ª Conferência Estadual do PCdoB do Rio de Janeiro Foto: PCdoB-RJ

Em clima de unidade e renovação, o PCdoB-RJ acaba de realizar sua 23ª Conferência Estadual. Nos dias 1, 2 e 3 de dezembro, dirigentes e militantes se reuniram no auditório da Faculdade Nacional de Direito (FND), da UFRJ, para debater a atuação, os rumos e as prioridades do Partido no terceiro estado mais rico e mais populoso do País.

Após três dias de debates, os comunistas elegeram uma nova direção, que terá o jovem professor Daniel Iliescu como presidente, em substituição ao camarada João Batista Lemos. O mandato dos dirigentes será de dois anos, o que inclui o desafio de preparar o PCdoB à altura para as eleições municipais de 2024, com olhar também para as eleições presidenciais de 2026.

A conferência também reafirmou como desafios duas importantes deliberações nacionais do Partido: 1) lutar pelo êxito do governo Lula na reconstrução do País; e 2) garantir o fortalecimento e o revigoramento partidário. A tática eleitoral para o ano que vem passa, necessariamente, pela capacidade de vencer o que a secretária de Organização do PCdoB, Nádia Campeão, chama de “nossas debilidades e insuficiências”.

Para revigorar o Partido – das bases à direção –, as lideranças comunistas que atuam nos movimentos social, sindical e estudantil têm muito a contribuir. Devido às tarefas que ocupam no dia a dia, esses comunistas tendem a se aproximar mais da população, podendo levar a mensagem do PCdoB e, ao mesmo tempo, ouvir as reivindicações das comunidades e dos trabalhadores.

Oposição no RJ

Em 30 de novembro, na véspera da conferência, o movimento sindical promoveu um ato pelo descongelamento do piso regional. As duas agendas se articulam, por coincidirem em ao menos dois pontos comuns para comunistas e sindicalistas: a defesa dos interesses dos trabalhadores e a oposição ao governador bolsonarista Cláudio Castro (PL-RJ).

A proposta orçamentária para nosso estado em 2024 é da ordem de R$ 96,4 bilhões. É sabido que esse montante, embora expressivo, não dá conta de todas as demandas da população. O governo precisa fazer escolhas políticas – e Cláudio Castro já deixou claro que ficará ao lado dos empresários, dos rentistas e das milícias.

Da mesma maneira, na maioria dos 92 municípios fluminenses, prevalecem gestões antidemocráticas, direitistas e atrasadas. As vozes das comunidades e dos trabalhadores não são ouvidas, nem tampouco correspondidas. É preciso mudar essa correlação de forças.

Nesse sentido, as eleições 2024 abrem uma oportunidade histórica para projetos audaciosos, que, integrados ao governo Lula, possam trazer mudanças significativas para o povo. O PCdoB-RJ acerta ao apontar as grandes cidades – e, especialmente, a capital – como prioridades. Os debates da conferência mostraram o compromisso em buscar, acima de tudo, a retomada da bancada comunista na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.

Vale lembrar que temos uma história quase centenária nesse parlamento. O líder sindical Minervino de Oliveira, eleito intendente (vereador) do Rio em 1928, foi o primeiro parlamentar operário do Brasil. Quase duas décadas depois, os comunistas elegeram nada menos 18 dos 50 vereadores para a chamada 1ª Legislatura (1947-1950). É tempo de fazermos história novamente!

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