Os múltiplos assédios ao eleitor
Olhos nos olhos, com atenção e respeito, procurando perceber na fisionomia de cada um a reação à abordagem do candidato – nas feiras, nas lojas, nas caminhadas e nos cumprimentos de porta em porta. Também de cima do palanque, durante os discursos.
Publicado 21/09/2006 20:29
Que se passa pela mente de cada mulher e de cada homem a quem falamos? Como nossa mensagem é recebida? Somos compreendidos? Despertamos interesse e emoção?
Em alguns momentos a reação das pessoas, explicitada com naturalidade, nos permite aquilatar os possíveis resultados de nossa abordagem. Não apenas quanto à intenção de voto, pois importa saber se a pessoa se sente respeitada – e não alvo de um assédio meramente eleitoreiro.
Você poderia estranhar essas considerações partindo de alguém que precisa otimizar o tempo, apertar muitas mãos durante o dia, falar várias vezes para públicos diversos. Por que se preocupar com esses detalhes? Porque nosso objetivo é duplo: conquistar voto e despertar a consciência política do povo.
De outra parte, pelo diálogo que se estabelece, ainda que breve e superficial, notamos de pronto quando estamos diante de um eleitor que acompanha o noticiário, presta atenção ao programa eleitoral na TV e no rádio. E que, nem por isso, se sente devidamente esclarecido sobre os problemas do seu interesse e muitas vezes se mostra confuso diante de argumentos, denúncias e críticas entre candidatos oponentes.
– Estou acompanhando tudo, mas tem coisa que não consigo entender, a minha leitura é pouca, diz a vendedora de frutas.
A observação, que ouvimos no Mercado Público de Água Fria, no Recife, ontem, durante visita que realizamos ao lado de Humberto Costa, nosso candidato a governador, reforça nossas preocupações.
Claro que não cabe nenhuma ingenuidade em matéria da guerra eleitoral, sobretudo para quem tem o espírito curtido em inúmeras batalhas. As campanhas hoje são feitas com múltiplos instrumentos e de variadas formas – dos mais simples e convencionais, como a panfletagem e o comício relâmpago, aos mais sofisticados, como a TV e a Internet. A depender da intenção e dos compromissos de cada um, a mensagem pode ser verdadeira ou falsa, sincera ou distorcida.
Não falta quem considere que o objetivo eleitoral justifica toda e qualquer manobra, mesmo as mais condenáveis do ponto de vista ético. E há os que optam pelo jogo limpo, indispensável a quem faz da campanha uma oportunidade de exercício da condição cidadã e da elevação do nível de consciência política do eleitorado – como é o nosso caso.
Por isso importa, e muito, observar atentamente a reação dos eleitores aos nossos gestos e às nossas palavras.