Patologia Social
Há alguns anos um grupo de jovens da alta classe média incendiou um índio, que dormia sob uma marquise, abrigado do frio, em Brasília. Sabe-se que não houve uma discussão, nem sequer um desentendimento, foi simplesmente um crime hediondo.
Publicado 10/05/2009 18:44
Nesta terça-feira passada, quatro jovens de classe média nem tão alta quanto os de Brasília, agrediram pela madrugada, brutalmente, um sem teto, protegido sob outra marquise, das chuvas torrenciais que caíram em Maceió.
Além desses dois episódios bestiais já aconteceram milhares de outros casos iguais por todo o território nacional. Os fatos demonstram que dessa violência endêmica, nenhuma classe social encontra-se ausente.
As estatísticas mostram que durante os fins de semana, induzidas pelo álcool ou drogas, aumentam intensamente as agressões, as violências em bares, botecos, crimes no trânsito, contra mulheres e crianças, estupros, assassinatos de todos os tipos. São centenas de milhares de vítimas ao ano.
Pode-se dizer, sem erro, que nos últimos anos o Brasil deu um salto em seu crescimento econômico, provocando enorme inclusão social em estratos das classes trabalhadoras.
Avançou nas áreas das ciências, desenvolveu o seu parque produtivo industrial, do agronegócio, na informática, telecomunicação, nos serviços, na cultura etc.
Crescendo de forma persistente a altas taxas nas próximas décadas, apesar dessa crise internacional, o salto que o Brasil alcançará será imenso. Podemos chegar a ser o sexto país em desenvolvimento mundial. No entanto, a criminalidade veio crescendo na proporção em que a nação avançou na última década.
Há um vazio de valores que se expressa na ação cínica de muitas personalidades e instituições políticas em relação à dignidade cidadã. Há, igualmente, um sentimento em muitos setores da sociedade, de desprezo pela vida humana.
O Brasil, de extraordinário e singular potencial civilizatório, apresenta as suas patologias sociais adquiridas, como todas as nações, que devem ser tratadas com rigor científico, seriedade e soluções.
Já não é mais possível a interpretação simplista de que tudo se reduz às questões sociais, aos conflitos de classes, ou até a idéia tresloucada de considerar traficantes como se fossem lutadores sociais. Muitos pretendem. A cabeça do brasileiro, a sua cultura, é parte do problema e da solução nacional.