Primeiro de Maio nas trevas e agora
Sim, sem dúvida, a história da sociedade humana tem como pedra de toque a luta de classes
Publicado 02/05/2025 12:36

As décadas se sucedem e imagens do Primeiro de Maio vêm à mente como em flashback. No tenebroso período do regime militar, constrangidos à militância partidária clandestina, o dia do trabalhador era engolido por comemorações oficiais, mesmo nas pequenas localidades onde vivíamos no interior nordestino.
A representação local do Senai ou do Senac, e mesmo prefeituras, esforçavam-se para mostrar serviço ao regime através de festejos destinados a familiares dos proletários, quase como se faz com o dia do santo padroeiro.
O discurso de autoridades e de um ou outro pelego (do funcionalismo público sobretudo) devidamente amestrado.
De nossa parte, com os rigores necessários, sintonizávamos em ondas curtas as rádios Pequim e Tirana, ouvíamos registros de manifestações de trabalhadores mundo afora e, emocionados, a execução da Internacional.
Aplausos? Sim, estalando os dedos indicador e polegar.
Hoje, comparecemos a manifestações promovidas pelas centrais sindicais sem perder o entusiasmo, porém convivendo com níveis de mobilização que vão pouco além da militância partidária e corporativa — expressão de um tempo de descenso do movimento de massas e ainda de busca de novas formas de comunicação, de organização e de luta que o novo tempo do mundo do trabalho reclama.
Nas ruas, hoje, no Brasil inteiro, meio que distantes da massa trabalhadora militantes “marcam posição”.
Mas cá com nossos botões já meio gastos por décadas de militância comunista, alimentamos a convicção de que um novo tempo viveremos em breve.
Impossível a milhões de brasileiros e brasileiras que sobrevivem do próprio trabalho aceitar ad infinitum a supressão de direitos e a imposição de condições de trabalho próprias de novos arranjos estruturais, em razão da peculiar evolução das forças produtivas sob o impacto da tecnologia digital, onde a extração da mais-valia faz-se tão dissimulada quanto exorbitante.
Sim, sem dúvida, a história da sociedade humana tem como pedra de toque a luta de classes.
Nossas bandeiras, que jamais deixaram de ser erguidas e hoje tremulam nas mãos de militantes e ativistas resistentes, voltarão a ser empunhadas por multidões numa espécie de renovação da consigna de Marx e Engels: “proletários de todo o mundo, uni-vos!”