Projeto imobiliário em terras palestinas usurpadas fulmina a Paz

“Há anos Israel promete que não haverá novas construções em terras expropriadas dos palestinos na Cisjordânia. O presidente Shimon Peres reiterou essa promessa recentemente ao primeiro-ministro tcheco, Mirek Topolanek, atual ocupante da presidência da Uni

A informação acima é de Daphna Golan, professor de direito da Universidade Hebraica de Jerusalém. Segundo Golan, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu certamente iria repetir a Barack Obama mentiras iguais. (Leia íntegra no jornal Haaretz.com, de Israel, de 5/4). A despeito das promessas, os jornais de Jerusalém continuam a oferecer com apoio oficial, vantagens para quem quiser investir nas terras palestinas usurpadas (1).


 


 


O tom entre Israel e Europa tornou-se mais ríspido, conforme analisa Bettina Marx, do jornal alemão Deutsche Welle, de 08/5: “Ministro israelense (das Relações Exteriores, Avigdor Lieberman) é recebido com frieza em sua primeira viagem diplomática à Europa. Se Israel não quer solução justa para o Oriente Médio, Europa deveria repensar estreita cooperação com Israel” (2).


 


 


A relação de Israel com a Europa tem sido “de crescente irritação”, desde o final da ocupação bélica da faixa de Gaza. Segundo Bettina, quando do encontro de ministros do Exterior, em Bruxelas, do qual participou a ministra israelense Tzipi Livni, “exigiu-se que Israel repense sua política de bloqueio com relação aos palestinos na Faixa de Gaza”. A Europa quer de Israel a solução de dois Estados.


 


 


Nesta segunda-feira (25/5), Juan Miguel Muñoz, de El Pais, dizia que o “Governo israelense de extrema-direita desafia a Europa”. Segundo ele, Israel desafia tanto Bruxelas quanto o governo Obama que exigem de Israel deter a construção nas colônias da Cisjordânia e a demolição de casas palestinas em Jerusalém Oriental, além de aceitar a negociação com os palestinos sobre a base dos dois Estados independentes (3).


 


 


Impassível, Netanyahu conra-ataca: ''Não tenho a intenção de construir novos assentamentos, mas não faz sentido pedir para que não atendamos as necessidades geradas pelo crescimento natural de nossa população e interrompamos todas as construções'', disse ele ao gabinete de ministros neste domingo. ''Não vou dizer para que as pessoas não tenham filhos ou forçar os jovens a viver longe de suas famílias.'' Leia mais em BBC Brasil (4).


 


 


A posição do gabinete sionista contraria interesses tanto de palestinos (74%) quanto de israelenses (78%) que também desejam dois Estados, lado a lado, em paz. Assim revela uma pesquisa do One Voice Movement, conduzida por Colin Irwin, da Universidade de Liverpool, Nader Said, do Mundo Árabe para Pesquisa e Desenvolvimento na Cisjordânia e Mina Zemach, do Instituto Dahaf, em Tel-Aviv. Leia mais em Estadao.com (5).


 


 


A paz não interessa ao sionismo no poder


 


 


A conjuntura acima parece dar razão a Amira Haas, do jornal Haaretz.com (11/5). Para ela, “a paz não interessa a Israel”. Ela explica que os sucessivos governos israelenses, desde 1993, “sabiam o que faziam cada vez que não fizeram a paz com os palestinos”. Eles concluíram “que a paz implicaria graves prejuízos aos interesses nacionais israelenses''. Esta parece a lógica do “moderno” sionismo, intolerante, belicoso (6).


 


 


Com efeito, a indústria da segurança é importante item na pauta de exportações de Israel. Armas, munições e refinamentos que são testados em Gaza e na Cisjordânia. Proteger as colônias também exige desenvolver a indústria da segurança. Alem disso, manter a ocupação e o estado de beligerância cria empregos para milhares de israelenses. Cerca de 70 mil pessoas são empregadas na indústria da segurança.


 


 


Segundo Amira, a cada ano, dezenas de milhares de israelenses concluem o serviço militar obrigatório e saem treinados para usar algum talento especial. Esse treinamento é o início de sua carreira profissional: soldados profissionais, agentes de espionagem, consultores, soldados mercenários, comerciantes de armas. A paz, portanto, faria sumir muitas carreiras num estrato social que tem enorme influência no governo.


 


 


Pela tese, a Paz prejudica a qualidade de vida, pois exigiria distribuição equitativa dos parcos recursos hídricos em todo o país (do rio ao mar) entre judeus e palestinos. Prejudica também para o bem-estar social, pois as colônias oferecem às pessoas comuns o que jamais teriam se dependessem dos salários para viver: terra barata, casas confortáveis, benefícios, subsídios, espaços abertos, paisagens.


 


 


Para a jornalista, a paz também eliminará o pretexto “de segurança” que justifica a segregação contra os árabes-israelenses, seja na distribuição de terras, dos recursos de desenvolvimento, educacionais, de saúde ou dos direitos humanos. “Gente que se tenha habituado aos privilégios próprios da discriminação étnica vê a justa distribuição de direitos como assalto a seus direitos adquiridos e ao seu próprio bem-estar”, diz Haas.


 


 


A busca da não-paz parece fazer soldados israelenses exibirem camisetas com imagens de bebês palestinos mortos e mesquitas destroçadas pelos bombardeios de Israel. Uma das camisetas, a da foto, de um soldado do exército de ocupação em Gaza, mostra o ventre de uma mulher palestina grávida na mira de um fuzil e a legenda emblemática: “Um tiro, dois mortos”. (Ler matéria do Haaretz.com, de 20/3) (7). 


 


Notas


 


(1) http://www.haaretz.com/hasen/spages/1083089.html


(2) http://www.dw-world.de/dw/article/0,,4237666,00.html


(3) http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/elpais/2009/04/25/ult581u3192.jhtm


(4)  http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/05/090524_israel_assentamentos_rc.shtml


(5) http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,israelenses-e-palestinos-querem-2-estados-diz-pesquisa,358729,0.htm


(6)  http://www.haaretz.com/hasen/spages/1084656.html


(7) http://haaretz.com/hasen/spages/1072466.html

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor