Qual crise, cara pálida?

Pressões políticas e midiáticas sobre o governo Lula: entre a negociação parlamentar e o desafio de manter a aprovação em alta

Lula | Foto: Ricardo Stuckert

Empresas midiáticas agem como partido político. Aqui e alhures. Travam a batalha de ideias ininterruptamente e fazem da pauta diária instrumento de luta.

O governo Lula se depara com dupla pressão na trincheira partidária: a do parlamento, onde uma maioria de centro e centro-direita o obriga a negociar a cada passo, nem sempre com o sucesso desejado; e a do complexo midiático, que não lhe dá trégua e tudo tenta amoldar aos interesses do capital financeiro, do poderoso agronegócio e de escusos interesses estrangeiros.

Como se diz no jargão jornalístico, um dos “ganchos” de agora é a iniciativa do presidente em discutir com alguns ministros um ajuste no desempenho de suas pastas, ao que se associam rumores de substituição do atual presidente da Petrobras, Jean Paul Prates.

Tudo a ver, segundo o complexo midiático, com leve retração nos índices de aprovação do presidente e do governo na última rodada de pesquisas realizadas por alguns institutos.

Muito barulho sem sustança, como diz o matuto. 

Pois Lula ostenta índices de aprovação quase que o dobro de alguns dos principais governantes do mundo ocidental, como Biden nos EUA, Macron, na França, Rishi Sunak, no Reino Unido e outros.

Demais, em minha modestíssima experiência de dezesseis anos de vice-Prefeito ativo e operante no Recife, aprendi que ajustes no governo são tão naturais e necessários quanto o controle orçamentário rigoroso e permanente.

Inclusive a eventual substituição de titulares de algumas pastas.

Pois diferentemente de empresas que constituem suas equipes gerenciais mediante critérios exclusivamente técnicos, governos se montam segundo um conjunto de variáveis, de natureza técnica e, sobretudo, de ordem política.

A composição de forças na coalizão político-partidária que governa se expressa na equipe de governo e nem sempre se faz com a garantia prévia de que todas as peças funcionarão a contento.

No caso da Petrobras, o que a mídia discute não são os méritos do atual presidente da empresa, mas os interesses dos acionistas privados, sobretudo os estrangeiros e os associados a magnatas daqui.

Manter o presidente sob fogo cruzado e dificultar a execução da agenda da reconstrução nacional é a questão de fundo. O que impõe ao presidente e sua equipe, além da eficiência administrativa, um mínimo se sagacidade política – inclusive quando se pronunciam em público.

A nós outros, qualquer que seja a trincheira onde nos encontremos, cabe o esforço contínuo de esclarecer o que acontece e mobilizar o povo pela base.

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