Rito de Passagem – renovando a Academia
Academia Pernambucana de Ciência (APC): uma trajetória de atualização e impacto na ciência nacional.
Publicado 17/10/2023 10:55 | Editado 17/10/2023 17:29

Para os amigos Aleixo, Anísio e Anderson que nos lideram em anos recentes.
Não poderei estar, tenho uma viagem para fora do estado. Sexta feira, dia 20. Onze novos membros tomarão posse. Profissionais muito reconhecidos que vêm dando uma contribuição efetiva para a ciência no País. A Ministra de Ciência e Tecnologia fará uma palestra apresentando os avanços e desafios atuais da área. A Academia Pernambucana de Ciências- APC estará em festa.
Entrar na Academia é mais que um título honorífico. Além do reconhecimento, oportunidade para conviver com os pares de diferentes áreas do conhecimento, desde Sociologia até Ciências Naturais, ter um Fórum de debates privilegiado e poder expor e defender caminhos para a área que se tornou a razão de nossas vidas profissionais.
A Academia tem Regimento e Estatuto que a norteiam. Tem um limite para membros efetivos, cem no máximo. Mas, a comunidade acadêmica do estado cresceu muito, muito pouco espaço para tantas áreas do conhecimento, para tantos nomes de relevo. Com isso, foi necessário um artifício. Além de uma rigorosa seleção com critérios predefinidos, criar uma nova categoria de sócios, os Eméritos. Todo membro que tiver quinze anos como efetivo pode se candidatar. Com isso, abre espaço para novos membros. De tempo em tempo, ela se renova, se revitaliza.
Este ano, completei os quinze anos. Pedi para mudar de categoria. Foi aceito, tenho algumas vantagens. Posso participar de todas as atividades, mas não sou obrigado. Com isso, evitar o compromisso das, muitas vezes interessantes, poucas oportunidades enfadonhas, reuniões mensais. Além disso, mais uma passagem para uma confirmação da minha assumida aposentadoria.
Participo da APC desde 2008. Houve diferentes fases, gostaria de ressaltar duas.
Na primeira, um abnegado ex Reitor era o presidente quase vitalício. Sua concepção era de um “clube de amigos”, local em que se reuniam colegas para discutir termas que lhes eram interessantes. A participação era pequena. Palestras mensais com temas nem sempre conectados com a realidade dos dias atuais e, em geral, específicos de uma sub-área de algum dos participantes. Como chamariz para as apresentações, um lanchinho de boas vindas. Muito caprichado. E um jantar de final de ano para congraçamento das famílias. Poucos sabiam de sua existência.
Lembro de algumas palestras, mas uma em particular. Tinha sido convidado um psiquiatra para falar. No dia ele teve um problema e não compareceu. Desesperado, nosso presidente resolveu substituí-lo. O que tinha para falar era um projeto arquitetônico cujo projeto era de sua autoria. Detalhes de vãos e espaços concebidos foram expostos por horas. Ninguém entendeu nada. Esforço para não dormir. A partir daí, não fui mais.
Um movimento surge de renovação. Participo e somos vitoriosos. Reconhecendo o esforço dos antecedentes, mas se queria dar concretude à instituição e razão para nela participar.
Três pontos eram fundamentais, participação no debate político sobre os rumos do setor, efetiva ação para a divulgação dos resultados da ciência no desenvolvimento da sociedade, discussão dos principais problemas da área e sugestões que efetivamente contribuam para a melhoria econômica, social e ambiental.
Articulações são feitas nacionalmente. Desde a SBPC e a Academia Brasileira de Ciência até organismos governamentais. A APC se legitima como entidade que tem o que sugerir, tem o que dizer sobre a política de Ciência, Tecnologia e Inovação-CTI.
Suas notas ganham repercussão nacional. Seus dirigentes e membros participam dos debates nacionais e todos os associados têm orgulho de se apresentar como sendo da instituição. Lembro até um grupo informal que fez muitas sugestões para os planos de governo que foram elaborados na campanha presidencial recente, principalmente na área de regionalização das políticas do segmento de CTI.
As palestras mensais ganharam outra dimensão. Tiveram foco. No período da pandemia, concentração na discussão do tema. Também, as questões ambientais ganharam relevância. A participação de especialistas nacionais e até internacional foram marcantes. As preocupações com as questões nacionais e de como a Ciência aí se insere trouxeram outra dinâmica. Palestras que tinham sempre um público mirrado passaram a contar com a ampla participação dos acadêmicos e público externo.
Divulgação dos resultados foi outra ênfase. Criou-se uma revista, mas por dificuldades operacionais não foi adiante. Inserções em rádios de grande circulação procuram apresentar benefícios e avanços importantes que nos dias atuais têm como base a ciência. Criaram-se grupos de trabalho em áreas relevantes, como saúde e meio ambiente, que têm levado a um patamar diferente a preocupação com a modernização e seus avanços, dando efetivos esclarecimentos.
Também, na sexta, uma nova Diretoria tomará posse. Com preocupações em avançar nas frentes definidas como prioritárias, com disposição para novas lutas.
Tenho certeza que o caminho está sendo trilhado, que a APC se fortalece. Continuarei, de perto acompanhando seus rumos, agora no Conselho dos Anciões em que os Eméritos podem se efetivar.