Bioprodutos de alto valor agregado são extraídos da cera da cana de açucar

Experimentos e Protocolo em biorrefino, frutos da colaboração entre Brasil, Espanha e Cuba, são publicados nos EUA e Reino Unido

Fases do biorrefino da cera de cana cubana

Frutos da cooperação trinacional entre pesquisadores das Redes de Tecnologias Limpas (TECLIM) das Universidades Federais da Bahia (UFBA, Brasil) e do Sul da Bahia (UFSB, Brasil), do Departamento de Engenharia Agrícola e Florestal da Universidade de Valladolid (UVA, Espanha) e do Instituto Cubano de Investigaciones de los Derivados de la Caña de Azúcar (ICIDCA, Cuba), resultados inovadores em estratégias de biorrefino acabam de ser publicados nos EUA, valorizando ambiental e economicamente derivados da cera de cana-de-açúcar cubana, através de técnicas ultrassônicas, em laboratórios da província de Castilla y León, experimentos replicáveis mundo afora.

Publicados pela Revista Biomédica de Pesquisa Científica e Técnica, estes resultados integram uma pesquisa experimental e tecnoeconômica mais abrangente, em curso desde 2020, no âmbito do Doutorado Sanduíche em Engenharia Industrial realizado pelo professor Rilton Primo (UFBA), sob a orientação do professor Ricardo Kalid (UFSB) e coorientação dos professores Jesús Martín-Gil (UVA), Pablo Ramos (UVA) e Manuel Ríos (ICIDCA), com vistas à detecção e extração de bioprodutos de alto valor agregado, por tecnologias verdes, a partir de biomas locais, valorizando a “floresta em pé”.

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“Identificando a presença de ácidos palmítico e linoleico” na referida cera da cana, entre outros componentes, os pesquisadores Primo, Kalid, Gil, Ramos e Ríos salientam que “misturas destes bioprodutos são comercializadas como coadjuvantes de herbicidas, fungicidas, acaricidas e inseticidas para aplicação foliar de fruteiras e cultivos hidropônicos. A elevada percentagem de ácidos gordos e seus ésteres no extrato hidrometanólico liofilizado da cera permite que este produto seja considerado um biocombustível, embora, no caso particular do ácido linoléico, suas aplicações se estendam à criação de produtos de limpeza, químicos e farmacológicos”, concluíram.

Por ser uma área de pesquisa nova e em vigoroso crescimento, estas equipes desenvolveram um protocolo inovador de monitoramento do estado da arte, redes e tendências de pesquisa, lacunas e avaliação de incertezas das produtividades, nos múltiplos segmentos regionais, roadmap disponibilizado gratuitamente via Registro Prospectivo Internacional de Revisões Sistemáticas da Universidade de York, no Reino Unido.

Financiada, em parte, pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), estas pesquisas despertam interesses não apenas acadêmicos e científicos, destacou o professor Primo, já “pelas suas aplicações farmacológicas, agrícolas, nutracêuticas e industriais, inclusive em unidades produtivas de pequeno e médio porte operáveis por comunidades tradicionais e associações de pequenos produtores rurais, com impactos socioeconômico-ambientais convergentes aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) instituídos pela Organização das Nações Unidas (ONU).”

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