Samba

Recentemente fui palestrante de um concorrido evento em homenagem ao dia do samba, que começa a entrar para o calendário oficial paulista. A Sessão ocorrida na Assembléia Legislativa de São Paulo-Alesp, foi convocada pela única mulher negra deputada, dos 94 parlamentares, não por acaso a também sambista, Leci Brandão, do PCdoB.

A história desta expressão cultural rítmica se confunde com a própria história de luta e resistência da população negra brasileira seja na capoeira, no candomblé ou nos fundos dos quintais a perseguição da polícia era rotineira, no início do século 20, onde os sambistas eram identificados como vagabundos, desordeiros e “macumbeiros”, por vezes detidos, tiveram seus instrumentos apreendidos.

Nomes como Donga, Chiquinha Gonzaga, Pixinguinha entre outros, em sua maioria, negros e filhos ou netos de outros negros que décadas atrás se encontravam no cativeiro e, em resposta ao país que discriminou e escravizou seus antepassados por quase 4 séculos, enalteceram o Brasil com a maior expressão cultural presente em nossa história.

Durante todo o século 20 o samba ganhou forma e estilo sendo à base de diversas outras expressões culturais que deram a “cara do Brasil” no mundo, como é o caso do carnaval, do Chorinho e foi à base rítmica da música brasileira mais conhecida no Planeta, a Bossa Nova.

O Samba imortalizou personalidades como, Carmen Miranda, Jobim, Vinícius, Cartola, Riachão. Serviu também de inspiração rítmica para letras que se tornaram hinos pela nossa liberdade e democracia. Letras de João Bosco e Aldir Blanc, como “Mestre sala dos mares”, por exemplo, ressaltava a história do Marinheiro negro, João Cândido.

Já “O Bêbado e o Equilibrista”, dos mesmos compositores, foram verdadeiros instrumentos na campanha pela anistia, pelo fim da Ditadura e pela volta dos exilados políticos após o Regime autoritário de 1964.

Tantos outros exemplos poderiam ser dados, mas o simples fato de uma sambista, fervorosa defensora do samba e de ações na promoção da igualdade racial ocupar um mandato na Alesp já demonstra os novos caminhos e frutos de resistência política que o samba continua a nos dá.

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