Sérgio Vaz: Arrota pra lá (Notícias da guerra)

A Periferia segue sangrando.

O Estado de São Paulo acaba de morrer atingido por bala perdida.

As hienas tomaram conta dos meios de comunicações e sambam sobre os
cadáveres.

Na internet uma tal "corrente do bem" prometeu protestar, e durante trê dias
não vão a teatros, museus, shoppings, boates, shows e restaurantes ( a
favela prometeu aderir ao protesto em solidariedade).

O crime organizado toma conta das ruas, da terra, do congresso, do senado e
do país desorganizado favorito na copa do mundo. O país do hexa só dá VEXA!
 
Os ricos e famosos pedem a pena de morte. Negros e negras estão brancos, de
medo, só de imaginar.

Na rua Haddock Lobo, jardins, zona nobre do finado Estado de São Paulo, tem
uma faixa estendida num prédio com os seguintes dizeres: "direitos humanos é
só direito dos manos", os brothers não entenderam nada? Se mano vende, boy
compra.

O governador, do que sobrou, disse que a situação está sob controle, mas as
mães dos policiais, bandidos e inocentes que morreram não acreditaram, e
prometeram chorar até o dia das eleições.

Navios Negreiros são incendiados e nem assim os trabalhadores desistem de ir
ao encontro do cativeiro mal remunerado. Lembrou Drummond "…mas você é
duro José".

Alheio ao apocalipse, as Sanguessugas, anelídeos da subclasse hirindínea que
se alimentam de sangue, revoltaram-se ao serem comparadas aos deputados e
senadores – que desviaram milhões do orçamento por meio de compras de
ambulâncias-, que se alimentam de dinheiro.

Enquanto isso, sob os escombros, a burguesia arrota arrogância.
O governo, pai do caos, e os políticos corruptos arrotam promessas.
A classe média branca, a maior parte, arrota preconceito e desinformação.
Os criminosos ricos arrotam impunidade.

Na periferia, ninguém arrota nada, nem por brincadeira.

Sérgio Vaz – Poeta da periferia, autor do livro "A poesia dos deuses inferiores"
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