Shenzhen: 40 anos da prática socialista com características chinesas

Pioneira no estabelecimento de Zonas Econômicas Especiais (ZEEs), Shenzhen representa a mudança de mentalidade e paradigma econômico promovido pelo socialismo com características chinesas.

Comemoração dos 40 anos de Shenzhen. | Foto: Xinhua

Nos inícios dos anos 80, com o estabelecimento das Zonas Econômicas Especiais (ZEEs) de Shenzhen, Zhuhai, Shantou (na província de Guangdong) e Xianmen (na província de Fujian) iniciava-se um novo capítulo na história do desenvolvimento da China. As ZEEs foram inicialmente um instrumento concebido pelo governo para atrair capital e tecnologia, desenvolver talentos, impulsionar a industrialização, se reaproximar dos compatriotas de Hong Kong, Macau e Taiwan e criar uma nova ponte de interligação com o mundo.

Decorridos 40 anos, a pioneira Shenzhen é hoje o símbolo maior desse exitoso experimento que consolidou definitivamente o caminho do socialismo com características chinesas e expressa não apenas uma mudança de paradigma econômico, mas sobretudo uma mudança de mentalidade que, sob a liderança de Deng Xiaoping, foi capaz de imprimir um capítulo de prosperidade completamente novo na história do desenvolvimento do país. Completamente urbanizada, a cidade é atualmente uma referência não apenas pelo seu pioneirismo no processo de abertura do país, mas sobretudo porque ao longo desses 40 anos ela não tem parado de se desenvolver e inovar.

Por exemplo, depois de se tornar em 1993 a principal exportadora da China, a ZEE de Shenzhen não parou de crescer e em 2018 conseguiu ultrapassar o Produto Interno Bruto da vizinha Hong Kong. Atualmente, a cidade abriga milhares de empresas na área de tecnologia e é a sede de grandes marcas chinesas que se projetaram internacionalmente, como a BYD, na área de veículos elétricos e as gigantes Huawei e ZTE, na área de tecnologias e equipamentos de telecomunicações. Não casualmente, continua a ser um dos principais centros de inovação científica e tecnológica do país. Feitos como esses confirmam definitivamente a percepção de Deng Xiaoping quando em 26 de janeiro de 1984, por ocasião de uma visita de inspeção, escreveu: “O desenvolvimento e as experiências de Shenzhen têm demonstrado a correção de nossa política de estabelecimento de zonas econômicas especiais”.

Se recuarmos quatro décadas e analisarmos os desafios políticos, econômicos e sociais da China naquele período poderemos ter uma melhor dimensão do tamanho dessas conquistas. No final dos anos 70 e no início dos anos 80, já sob a liderança de Deng Xiaoping, a China procurava novos caminhos para impulsionar o seu desenvolvimento. Deng havia percebido que o anseio do povo por uma vida melhor só poderia ser atendido com o desenvolvimento das forças produtivas e o aumento da produção de riquezas. Mas, para isso, era preciso romper primeiro com o engessamento mental que dificultava qualquer avanço inovador. A ‘emancipação da mente’ e a ‘busca da verdade nos fatos’ foram diretrizes conceituais apresentadas por Deng para superar esse engessamento, despertar a capacidade criativa do povo e avançar com a sua política de Reforma e Abertura.

Porém, para um desenvolvimento efetivo das forças produtivas e uma modernização integral do país (as Quatro Modernizações – agricultura, indústria, forças armadas e ciência e tecnologia), Deng sabia que era preciso concatenar o desenvolvimento da China ao dinamismo econômico do mundo, salvaguardando sempre os interesses maiores do país e do povo chinês. Sob a liderança do Partido Comunista, a realidade é a melhor prova de que a criação das ZZEs foi uma decisão essencial para a transformação do país. Agora, sob o comando de Xi Jinping, os desafios são de outra natureza, porém não menos grandiosos.

José em visita a Shenzhen em julho de 2010. | Foto: arquivo pessoal.

Artigo publicado originalmente pela Radio Internacional da China.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *