Subproduto tático da batalha prolongada

Reúne-se em torno da candidatura do ex-presidente Lula a frente talvez mais ampla de que se tem notícia na história do Brasil, numa peleja eleitoral

Foto: Ricardo Stuckert

Pela enésima vez, confirma-se a apreciação de Karl Marx, no “18 Brumário”, de que o evolver da situação política muitas vezes escapa ao desejo subjetivo dos atores em cena.

Variáveis da “maldita” realidade concreta definem o curso dos acontecimentos.

E, objetivamente, a luta coloca problemas e desafios que terminam por reforçar conceitos frequentemente contestados pelos menos avisados.

Agora, no Brasil do segundo turno da disputa presidencial entre Lula e Bolsonaro, o postulado tático leninista — unir todas as forças do nosso campo, atrair forças do campo adversário ou eventualmente indecisas e neutralizar aquelas que porventura não possam ser atraídas e isolar, enfraquecer e derrotar o inimigo principal — afirma-se, na prática, de maneira incontestável.

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Reúne-se em torno da candidatura do ex-presidente Lula a frente talvez mais ampla de que se tem notícia na história do Brasil, numa peleja eleitoral.

Quando se construiu, corretamente, a ponte que possibilitou a composição da chapa tendo como candidato à vice-presidência o ex-governador paulista Geraldo Alckmin, outrora tucano e atualmente integrante do PSB, não foram poucas as vozes situadas à “esquerda” que resistiram. 

E assim se repetiu quando novas personalidades ou grupos situados no centro político aderem ao projeto de resistência ao neofascismo representado pelo atual presidente da República.

Mas o infantilismo reducionista ainda se manifesta aqui e acolá, como se fosse possível uma proeza jamais alcançada: a vitória de uma coalizão apenas composta pela própria esquerda.

Nunca aconteceu, nem acontecerá – sobretudo numa quadra tão adversa, mundial e nacionalmente – num país da dimensão e da complexidade da nossa amada terra brasilis.

Assim estamos construindo a vitória em 30 de outubro, que uma vez concretizada de pronto nos colocará diante de outro desafio — igualmente complexo e de natureza tática: as possibilidades e os limites do hipotético futuro governo Lula, tendo em conta a correlação de forças no interior do próprio governo e no âmbito da sociedade. 

Tarefa nada fácil — que desafia os profissionais e dispensa o esperneio dos sectários e principiantes.

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