Superar a primarização da economia

Em recente viagem que fiz ao oeste da Bahia, pude constatar o impacto positivo das obras de infra-estrutura que estão sendo realizadas na região. A melhoria da malha rodoviária, a promessa de ampliação do aeroporto e, sobretudo, a Ferrovia de integração Oeste-Leste (FIOL), trazem bons ventos de otimismo para os municípios ali localizados.

No entanto, apesar de me somar àqueles que enxergam com entusiasmo este momento, um elemento me traz preocupação. Nos discursos oficiais e dos investidores locais há uma predominância de valorização da pauta de exportações de produtos primários.

Tanto é assim que a ferrovia, maior obra pública da história de nosso Estado, tem a previsão de escoar principalmente grãos, minérios e etanol. Estima-se que cerca de 70 milhões de toneladas devem ser transportadas anualmente pela FIOL, sendo que, destas, 50 milhões de minérios.

Ou seja, pouco se fala em investimentos voltados para indústria de transformação que possam mudar nossa inserção na divisão internacional do trabalho. Não podemos correr o risco de repetir erros do passado, quando ferrovias foram construídas apenas para exportação de café.

Pensar em uma estratégia para alavancar o beneficiamento de produtos primários, viabilizando o aumento de valor agregado é fundamental para consolidarmos o desenvolvimento nacional. Assim, não podemos aceitar a marca de país vocacionado para as commodities, sob pena de perdermos uma possibilidade histórica que se abre com uma maior presença do Estado na indução da economia.

Projetos como o Pólo Acrílico em Camaçari demonstram que há alternativas para ampliar a cadeia de produtos manufaturados. Nesse sentido, o Poder Público deve utilizar sua carteira de investimentos para fomentar a insdustrialização, com a criação de melhores condições para a inovação, a fim de que possamos consolidar o novo momento porque passa o país.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor