Terrorismo de Israel

A imprensa vem dando amplo destaque aos ataques que Israel vem fazendo contra o Líbano. Pelo menos até a última quarta-feira, dia 19 de julho, mais de trezentos civis libaneses, incluindo ai pelo menos sete brasileiros que lá se encontravam em férias, for

O que vimos comentando há duas semanas em nossa coluna semanal, diz respeito às atitudes do Estado de Israel: a desproporção e a reação que o governo vem tomando é completamente desigual, diferenciada. Se existem dois soldados israelenses raptados por militantes do Hizbollah (Partido de Deus, do Líbano) e um outro soldado raptado por muçulmanos vinculados ao Hamas, na Palestina, a indagação que se faz é a seguinte: pode um governo e um Estado soberano castigar um outro povo, atacar um outro país, retaliar ações com as quais o governo desse país não esta de acordo?


 


 
As coisas ficam cada dia mais claras quando se coloca da seguinte forma: nem o governo da Palestina, que o Hamas tem hegemonia, nem o governo do Líbano, de várias forças políticas, que o Hizbollah toma parte do parlamento, tem dado declarações de apoio e menos ainda de incentivo a ações dessa envergadura (seqüestros de soldados israelenses). Muito ao contrário. O que tais governos tem declarado, é que pretendem desenvolver ações para elucidar os fatos e procurar soluções. As reivindicações dos que realizar os atos de rapto e seqüestro, é até compreensível: exigem a troca de prisioneiros palestinos, especialmente mulheres e crianças (fala-se em mais de 500 presos aos quais se reivindica a soltura). No entanto, a resposta de Israel tem sido a mesmo que vem dando há quase 40 anos, desde a Guerra dos Seis dias de junho de 1967: o terror de Estado. E esse tipo de terrorismo é especial, é mais violento, é feito e patrocinado com dinheiro público, com aviões dos mais modernos e bombas das mais letais e inteligentes (se é que bombas podem sê-lo).


 


A omissão da ONU e das potências centrais


 
Infelizmente, o Conselho de Segurança das Nações Unidas não deverá dar uma solução para esse problema das agressões de Israel contra a população civil do Líbano, contra os palestinos de Gaza e as ameaças à Síria. Não só porque não há uma unidade e um consenso entre os seus 15 membros, mas pelo fato que os Estados Unidos protegem e apóiam todas as ações adotadas por Israel. Este governo Bush, em particular, vem dando sucessivos passos atrás, na política externa americana. Não que ela fosse algo progressista nos anos Clinton, mas acordos de paz incentivados e patrocinados pelo governo americano, cariam por terra, retrocederam e agora, o apoio praticamente explícito é ao unilateralismo de Israel, que sistematicamente se recusa a negociar com a liderança palestina, tomando decisões unilaterais, como se isso fosse resolver os problemas. Não vai. Ao contrário, o impasse persistirá.


 


 
Nenhuma resolução será proposta pelos países centrais, pois se esta não beneficiar Israel, será vetada pelos Estados Unidos. Não há clima, nem força política das nações, para que Israel seja energicamente condenada pelos crimes e as barbaridades que vem cometendo contra a população civil. E o que é mais grave nisso tudo é que a mídia grande, dá tratamento como se fossem, no conflito em tela, “duas partes” ou “dois lados” em pé de igualdade. De um lado, temos os militantes usando pequenos foguetes “Katiusha”, fuzis AK-47 e mesmo pedras e fundas. De outro, os aviões mais modernos, os mísseis mais “inteligentes”, os soldados mais bem treinados, os tanques mais poderosos, capazes de disparar projéteis de até 120 mm à distância de quilômetros. Em apenas um dos ataques terroristas de Israel, foram mortos 30 libaneses civis e do lado israelense apenas um soldado. Se no conflito com os palestinos, o “placar” macabro do conflito era de mais ou menos um israelense morto para cada palestino, agora a coisa ficou mais brutal: um para trinta libaneses.


 


 
Até quando a comunidade internacional vai assistir passivamente a esse massacre? Os ataque vão começar também contra a República Árabe Síria, um dos últimos bastiões da resistências dos povos árabes e dos governos árabes que lutam contra o imperialismo norte-americano e o sionismo? Esses últimos e preocupantes episódios deixam claro o que vimos dizendo aqui há alguns anos neste espaço: o problema político do Oriente Médio é regional e esse deve ser o tratamento a ser dado. A solução passa por negociações globais e Israel vem demonstrando ter problemas de convivência com os seus vizinhos árabes. Claro que em grande parte de sua fronteira Oeste, com a Jordânia quase não há problemas ou mesmo na sua fronteira Sul, com o Egito, quase nada ocorre. Isso porque esses dois países, vivem em “paz” com Israel, por terem governos amigos dos Estados Unidos e mantém uma certa “paz” com Israel. Eu usaria o termo de outra forma: são governos que não dão trabalho algum a Israel, são amigos dos sionistas e não se preocupam que os palestinos, libaneses e sírios venham a ser massacrados pelo exército israelense.


 


Amós Oz


 
Não preciso falar sobre esse renomado escritor e romancista Israelense, um dos potenciais candidatos a Nobel de literatura e das maiores expressões da intelectualidade israelense vivos na atualidade. Sua obra fala por si só. No entanto, tenho que registrar um grande espanto da minha parte, que acompanho escritos e artigos desse escritor. Ao ler a edição da Folha de São Paulo do dia 19 de julho, deparei-me com um artigo onde Amós defende o indefensável. Ele vai na linha de justificar o que é injustificável: os ataques que Israel vem fazendo contra a população civil e indefesa do Líbano seriam, desta vez, para “se defender” dos ataques do Hizbollah (sic). Colocar esse Partido político como o inimigo principal, já seria um erro primário de alguém que se propõe a ser um intelectual, mas justificar o bombardeio de dezenas de aldeias e cidades libanesas, matado indistintamente sua população, é imperdoável.


 


 
De nossa parte, queremos expressar a nossa mais profunda solidariedade aos libaneses, aos palestinos, aos povos árabes em geral, que se encontram, mais uma vez, sob ataque cerrado e feroz, de cunho terrorista, por parte do exército de Israel, impiedoso, implacável, com apoio americano. Sei de várias manifestações que vem sendo realizadas em diversas partes do mundo inteiro, e mesmo no Brasil, ao qual somo a minha humilde voz e força e me solidarizo. Espero que a comunidade das nações de todo o mundo, especialmente as potências centrais, o CS da ONU, condenem com firmeza as atitudes terroristas por parte de Israel.

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