Três teses sobre a atual conjuntura

Quero apresentar três teses sobre a atual conjuntura brasileira. Vamos a elas: 

Primeira tese


 


 


Enfrentar a crise, resistindo a seus efeitos maléficos, garantindo os direitos dos trabalhadores e a continuidade do desenvolvimento econômico com emprego, ganhos reais de salários e distribuição de renda, é a tarefa prioritária de todas as forças progressistas da sociedade. Ao enfrentamento da crise com êxito subordinam-se todas as iniciativas, deslocando para um lugar secundário qualquer tipo de outras cogitações.


 


 


No Brasil, a crise tem características bem marcadas. Ela vem de fora e encontra a economia relativamente preparada para resistir e até mesmo avançar na limitação do papel dos especuladores e da banca, contribuindo para reforçar de modo afirmativo a economia nacional (com a queda dos juros, por exemplo). A crise tem se manifestado de forma abrupta, tem fortes componentes subjetivistas (o oportunismo, o alarmismo e o terrorismo de alguns empresários e da mídia) e será de curta duração. Finalmente, a crise produz efeitos diferenciados de acordo com os setores econômicos, as regiões do País, as situações preexistentes e as soluções encontradas.


 


 


Segunda tese


 


 


O poder Executivo do Governo tem papel protagonista no enfrentamento da crise. Tal preponderância (indexada pela popularidade presidencial) manifesta-se em relação aos outros poderes (Legislativo e Judiciário), aos partidos políticos da base governista, à oposição, aos movimentos sociais e ao empresariado. Esta situação reforça-se na medida em que todos agora admitem a necessidade imperiosa da ação reguladora, indutora e ativa do Estado para superar a crise (estatizando o crédito, por exemplo).


 


 


O movimento sindical, ciente deste protagonismo, desempenha papel estratégico, unificando, organizando, mobilizando e pondo em movimento anticíclico milhões e milhões de trabalhadores e trabalhadoras na resistência à crise, diminuindo seus efeitos maléficos (com a redução constitucional da jornada, sem redução de salário, por exemplo).


 


 


Terceira tese


 


 


Adotada a fórmula derivada das experiências de lutas européias na década de 30 do século passado o atual momento é caracterizado por “lutas de contato” em que, frente ao objetivo central, ainda não se materializaram campos antagônicos definidos (o que caracterizaria uma fase de “lutas de ruptura”) e as tarefas exigidas podem ser enfrentadas com a coexistência de projetos divergentes a médio prazo que se embaralham em sua execução imediata.


 


 


Para garantir a prioridade das prioridades que é a superação da crise, em uma fase de busca de unidade e de rearranjos políticos e sociais, a ação presidencial deve ser respaldada pelas iniciativas unitárias do movimento sindical, que não pode permitir retrocessos e perdas de direitos nem se enredar em aventuras institucionais.

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