Um filme da Ucrânia – A gangue
O cinema de Myroslav Slaboshpytskiy em “The tibe” e o conto de Celso Marconi “Um nazista caminha pela estrada”
Publicado 14/03/2022 10:18

O público não se interessa por um aspecto só. Um país está em guerra e logo qualquer assunto que lhe diz respeito interessa. Assim me chegou um filme produzido em 2013 provavelmente na Ucrânia, “The tribe”, que no Brasil recebeu o título de “A gangue”. Embora tenha sido produzido pelo cineasta Myroslav Slaboshpytskiy e toda equipe, como também os cenários sejam do país, não tem como ser uma representação da Ucrânia. É um filme comercial claro e poderia ser classificado como um policial simplesmente. A diferença desse “The tribe” é que a estória se passa numa instituição de ensino para surdos, e então ele é todo falado em língua de sinais. Está sendo exibido na internet – não sei qual plataforma – e sem legenda em qualquer outra língua. Você tem que entender simplesmente pelos gestos. E assim acontece.
Talvez se “The tribe” tivesse sido feito em um país outro qualquer, eu não me interessasse e tivesse parado de ver nos vinte primeiros minutos. Mas com a guerra da Ucrânia, fui até o fim. Obra bem realizada, e me parece que é todo em preto e branco. E o mais interessante é que o som que ouvimos é somente o ambiente. Nunca tem alguma música. Só ruídos. Mas os intérpretes, apesar de todos jovens, são bem fortes como atores. Essa parte visual e sonora vai criando uma especificidade para o filme. Porém não uma direção particular. Essa é comum.
Quem não estiver contente em ver o quanto o ser humano é malvado, ainda poderá se satisfazer em assistir a esse filme. Ele filme porém tem uma imagem bela. E a sequência de sexo com os dois jovens é muito bem construída. Mas depois a mostra de maldade supera o próprio efeito estético bem realizado.
Olinda, 07. 03. 22
Um nazista caminha pela estrada (conto)

Celso Marconi Lins
Não. Um nazista nunca caminhará tranquilamente pela estrada. E isso porque o nazista estará sempre de tocaia na estrada. E isso para conhecer os melhores pontos do espaço para dominar. O nazista, e eu conheci alguns, pode ficar caminhando numa sala e assim esquentando os pés no chão da sala de um lado para o outro. E quanto mais religioso é o nazista, mais ele demonstra sua ambição de dominar o mundo. Enquanto um nazista estiver à frente do governo da Ucrânia, não poderá haver uma pacificação. Isso é necessário que todos saibam. O presidente desse país não terá como entrar em acordo com o presidente da Rússia.
Enquanto isso, os laboratórios infiltrados na Ucrânia, certamente não por ordem do presidente dos Estados Unidos, produzem e espalham vírus pelo mundo. Mesmo que eles próprios não tenham vantagens com isso e sim outros, que são sempre dissimulados pelas famílias, talvez bem simples como forma de estabelecimento. Os nazistas além de não caminharem pelas estradas, também sabem sempre encontrar esconderijos. E os mais bobos e não nazistas é que sofrem a destruição.
Assim, o meu personagem invisível caminhou da Bielorrússia a pé até Kiev, que não se chamava Kiev pelos naturais, que iam encontrando caminhos mais seguros muito antes dessa intervenção que não se chama guerra. Um deles teve a sorte de descobrir uma donzela que ainda pensava que a vida era apenas um caminho para um belo pôr-do-sol. A donzela se escondeu e ficou discretamente esperando ser descoberta pela funcionária do grupo terrorista.
Enquanto isso, Putin já determinou a continuidade da vida normal em todo o país. As rádios todas pouco se dedicam a veicular notícias. Em geral, apenas tocam músicas e assim podemos conhecer até mesmo músicas autênticas das regiões mais escondidas até da Bielorrússia e até de ruas diferentes da própria Moscovo. E então o nazista se levanta sutilmente e procura pela estrada da Polônia encontrar uma nova toca para tratar da sua solidão.
Olinda, 12. 03. 22