Uma crítica

Tenho por hábito em minhas notas semanais não criticar diretamente esta ou aquela iniciativa sindical.

Hoje vou abrir uma exceção, justificada pela pertinência do assunto e temperada pelos elogios que vou também fazer.

Refiro-me à Resolução da Executiva Nacional da CUT “É tempo de ousadia para ampliar ganhos reais e conquistas nas campanhas salariais”, de 20 de maio.

Os elogios são para a combatividade demonstrada ao propor grandes campanhas salariais que garantam aumentos reais de salário enfrentando de maneira forte a corrente de desinformação que procura associar os ganhos de salário (e o emprego) à alta da inflação. Além dos argumentos convincentes contidos na resolução que desautorizam as versões empresarial e de mídia ela acerta ao contabilizar o crescimento da produtividade entre 1989 e 2008 (embora a cantilena reacionária concentre seu ataque no ano de 2011, desconhecendo a lucratividade, o nível de investimento e a capacidade instalada das empresas).

A crítica é ao caráter exclusivista das iniciativas. A resolução fala literalmente “em vermelhar todo nosso país com as propostas diferenciadas da CUT” (o grifo é meu). Exceto a reivindicação do fim do imposto sindical todas as outras bandeiras são comuns ao movimento sindical (emanadas que foram da pauta da Conclat do Pacaembu) e já se materializam em ações unitárias com os cronogramas definidos, campanhas em curso e vitórias (como as PLRs do Paraná, de São Caetano e de São José dos Campos).

O exemplo forte da capacidade de agir em conjunto, apesar das diferenças, é o seminário que Fiesp, CUT, Força Sindical, Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e do ABC realizam hoje, 26 de maio, pela produção e pelo emprego. O egoísmo expresso na resolução da executiva nacional da CUT vai na contramão desta iniciativa e é por isso que o Estadão, ao criticar o seminário no editorial “Promiscuidade tripartite”, menciona entre os organizadores institucionais (Fiesp, FS) apenas “sindicalistas ligados à CUT”. É o ferrinho de dentista da divisão…

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