Uribe assassino, mídia cúmplice

Se um dia o governo de Hugo Chávez violasse a soberania territorial de algum país vizinho e massacrasse mais de uma dezena de opositores qual seria a reação da opinião pública mundial influenciada pelos grandes meios de comunicação? Mas como quem fez tudo

A foto e a entrada da Universidad Nacional de Colombia que tem uma frase pichada: PRECAUÇÃO: REALIDADE DO OUTRO LADO. Significa que dentro da Universidade existe um espaço de convívio e democracia, único espaço “desmilitarizado”, mas lá fora é a realidade dura e crua do governo Uribe.


 


Revoltante assistir a cobertura dada pela grande mídia a esse mais recente ato de terrorismo de estado perpetrado pelo governo de Álvaro Uribe, com o seu total beneplácito e simpatia. A manchete da Folha de São Paulo dessa segunda-feira colocava em evidência a Venezuela reforçando suas fronteiras com a Colômbia dando a entender que partia dela a ação ofensiva ou provocativa. Ontem as manchetes noticiavam os discursos de parlamentares brasileiros condenando Chávez por proteger suas fronteiras. Chegamos ao descalabro de propalar que errado está quem se defende, e não quem ataca!


 


 


Como o protagonista da ação terrorista é um dos seus representantes diletos, a grande mídia vassala faz coro ao pensamento imperialista de qualificar as FARC como terroristas e legitimar o governo paramilitar de Uribe. Fazem toda a sorte de malabarismo para justificar o injustificável e tirar de foco as ações do governo que fez da Colômbia uma espécie de filial dos Estados Unidos na América do Sul.


 


 


A imprensa brasileira que tanto defende a sua chamada liberdade de expressão deveria visitar a Colômbia mais vezes e ver como são tratados os militantes dos movimentos sociais naquele país, especialmente os do movimento estudantil. Colegas da Associação Colombiana de Estudantes Universitários (ACEU) apenas se sentem pouco mais seguros quando estão dentro da Universidade Nacional em Bogotá (capital administrada pelo Pólo Democrático), pois fora são sempre alvos da polícia nacional e de grupos paramilitares. O movimento estudantil colombiano contabiliza dezenas de mártires que tombaram vítimas de Uribe nos últimos anos, mas isso não aparece nos noticiários. Todavia, para a grande imprensa o grande vilão continua sendo Chávez, que garante toda liberdade aos seus opositores mais encarniçados. Perguntem a um(a) colombiano(a) se manifestações do tipo as que ocorreram na Venezuela contra o plebiscito proposto por Chávez é possível na Colômbia de Uribe.


 


O massacre contra os guerrilheiros colombianos das Farc, entre eles o destacado líder revolucionário Raúl Reyes é um golpe fascista contra a paz. Um ato de covardia próprio de um Estado terrorista, capachos do império norte-americano. Um governo títere que instiga contra a soberania de todos os países latino-americanos.


 


Álvaro Uribe adota assim uma ação extrema para sabotar os esforços internacionais, levados a cabo pelo governo venezuelano – e por outros países como a França – com as Farc que vinha cumprindo compromissos de entrega de reféns dando seqüência a um importante diálogo pela paz.


 


Mataram o comandante Raúl Reyes. Assassinaram um dos principais negociadores do malogrado processo de paz entre as Farc e o governo de Pastrana até 2002. Agora Uribe aparece na televisão com o ar provocador típico dos fascistas comemorando sua ação que pretende desestabilizar a região e brecar os processos de mudança que vêm ocorrendo.


 


Devemos nos solidarizar ao povo colombiano e condenar energicamente a ação terrorista do governo desse país. Ao mesmo tempo nos irmanamos ao povo irmão do Equador e ao governo de Rafael Correia vítima de grave atentado contra sua soberania.


 


Os democratas e lutadores da paz no continente devem se manter alertas contra as provocações do império para evitar cair em uma cilada belicista e impedir mais uma “guerra preventiva” (baseada em documentos forjados “encontrados” junto aos corpos dos guerrilheiros assassinados) dessa vez em nosso continente. O Brasil deverá assumir papel destacado nessa contenda, censurando energicamente a ação do governo Uribe para, a partir daí, incentivar a saída política ao conflito armado na Colômbia, a retomada do intercâmbio humanitário e a manutenção da paz em toda América do Sul.


 


Quem deve explicações nesse momento tem “nombre y apellido”: Álvaro Uribe Vélez.

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