A importância do Bloco de Esquerda

Ao contrário de recentes especulações, o Bloco de Esquerda segue seu itinerário rumo à sua afirmação. Os partidos que o congregam reunidos no último dia 22, na sede do PDT em Brasília, anunciaram para o mês próximo a divulgação de sua plataforma política. Esclareceram, também, que 2010 dista longe e que se trata de um equívoco reduzir o papel do Bloco a um arranjo eleitoral, embora que em 2008 seja natural o acerto de coligações num bom número de municípios.



Desde que surgiu o Bloco de Esquerda provoca certa inquietação, mesmo no âmbito da coalizão governista a qual pertence. Há certo mau agouro para que ele não viceje.



Setores da mídia desdenham sua importância e o alcunham de ''bloquinho''. Se fosse tão somente um ''inho'' tão provocaria atenção e certa ansiedade. Sua força é razoável. Agrega 78 deputados, 8 senadores, governadores, grande número de prefeitos e 7 partidos da base aliada: PSB, PCdoB, PDT, PMN, PRB,PHS,PAN. O Palácio do Planalto recebeu seu surgimento com indagações. Setores do PT  reagiram com temores e houve quem visse nele fantasmas.



Todavia, a essa altura, tais fantasmas já se dissiparam e o Planalto já ouviu da própria realidade as respostas. Se alguém tem motivos para ter temores em relação ao Bloco é o conservadorismo. O Bloco se propõe enquanto parte da base aliada impulsionar o governo a realizar os compromissos assumidos com o povo. Não tem ele, obviamente, nenhum partido da coalizão governista como adversário. Todos são aliados.



Mas, recordar é bom, embora, como disse um escritor, possa doer. Vamos relembrar em que circunstâncias o Bloco nasceu.



Como se sabe, a corrente majoritária do PT na última eleição à presidência da Câmara aliou-se com o espectro de centro-direita da coalizão e montou uma operação de guerra para derrotar a candidatura de Aldo Rebelo. A vitória do PT revelou uma escolha política dessa legenda. Os petistas detonaram o núcleo de esquerda formado por PT, PSB, PCdoB que fora decisivo à resistência empreendida nos anos 90, à vitória de 2002, à governabilidade do primeiro mandato de Lula e à reeleição de 2006. O PT que imediatamente após a conquista da reeleição proclamara a defesa de uma ampla coalizão nucleada pela esquerda, mudou de opinião e optou por constituir um núcleo formado por ele e pelo espectro de centro-direita da coalizão.


 


Se o PT fez sua escolha, os partidos que integram o Bloco também fizeram a sua. Reagruparam a esquerda com quem se dispôs ou se dispõe sob o entendimento de que tal coesão é uma necessidade à vitória e ao pleno êxito do segundo mandato de Lula.


Afinal, desde ano 89 do século passado o Brasil adentrou a uma nova etapa histórica na qual é indispensável uma unidade da esquerda como êmulo de uma aliança ampla. Essa aliança política assim configurada, como a própria história recente demonstrou, é indispensável para sustentar um projeto nacional de desenvolvimento alternativo ao neoliberalismo.