A luta dos trabalhadores volta ao nível de 2008
Em setembro, depois dos temores provocados pela crise econômica mundial, a luta dos trabalhadores no Brasil retoma o mesmo ritmo […]
Publicado 30/09/2009 16:10
Em setembro, depois dos temores provocados pela crise econômica mundial, a luta dos trabalhadores no Brasil retoma o mesmo ritmo ascendente que teve entre 2006 e 2008. Naqueles anos ocorreram, em média, 29 greves por mês; no começo de 2009, o ritmo diminuiu mas agora volta ao mesmo patamar daqueles anos.
O final de 2008 e o começo deste ano foram épocas de muita preocupação entre os trabalhadores. Os patrões – e os jornais e tevês ligados a eles – fizeram o terrorismo da crise, ameaçando com demissões, redução nas jornadas com corte nos salários e coisas desse tipo.
Essa forte chantagem levou muitos trabalhadores a aceitarem aquelas pressões para, pelo menos, garantir o emprego. Dizia-se que, como nas crises anteriores, ela iria atingir o Brasil e provocar uma quebradeira generalizada, como ocorreu quando o país foi à lona duas vezes sob Fernando Henrique Cardoso pois estava completamente desarmado diante das ameaças externas devido à política econômica neoliberal que predominava.
Mas, desta vez, o Brasil estava mais bem preparado, e todos foram obrigados a reconhecer que a crise não foi tão devastadora como aquelas, e nosso país – a salvo das imposições do FMI e dos banqueiros internacionais que, sob FHC, infernizaram a vida dos trabalhadores e de nosso povo – foi o primeiro a sair da crise.
Voltaram a ser criadas, assim, as condições para os trabalhadores retomarem a luta pela redução da jornada sem redução dos salários, pela reposição das perdas em seus rendimentos e por melhores condições de trabalho.
E, nesse sentido, há muito por fazer ainda. Nos últimos anos os ganhos dos trabalhadores vêem melhorando, mas devagar. Entre 2007 e 2008 a renda dos 10% mais pobres melhorou 4,3%. enquanto a dos 10% mais ricos cresceu 0,3%. Apesar disso, as diferenças continuam gigantescas. Enquanto os 10% mais ricos ficam com 43% da soma dos salários, os 10% mais pobres tem apenas 1,2% do total. Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) mostrou que a situação fica pior quando se avalia a situação dos muito ricos (formados por 1% da população): eles gastam, por exemplo, em apenas três dias, tudo aquilo que um pobre leva o ano inteiro para gastar. Isto é, cem vezes mais do que o dos pobres!
Reduzir esse fosso depende de empenho do governo para valorizar o trabalho e a renda, mantendo a política de recuperação do salário mínimo. Mas requer também muita luta dos próprios trabalhadores. E a classe parece disposta a enfrentar os desafios. Estudos feitos pelo Dieese mostram que, em 2006, houve 320 greves em todo o país – uma média mensal de 27. Em 2007, o número foi igual: 316 greves, e a média mensal foi de 26 paralisações. Em 2008 aumentou, chegando a a 411 greves, ou 34 por mês. Somadas, as greves de 2006 a 2008 alcançam o número de 1047, e a média mensal nesses três anos foi de 29 paralisações. No final de 2008 esse ritmo foi quebrada pela crise quebrou mas, agora, ele volta a se acelerar: só entre 1º e 24 de setembro ocorreram 29 greves em todo o país, o mesmo patamar daqueles anos.
Desde o final do ano, a principal palavra de ordem dos trabalhadores era a recusa em pagar pela crise; agora, essa demanda defensiva começa a ser superada, suas exigências salariais e de redução da jornada são retomadas. Isto é positivo para os trabalhadores, para o povo brasileiro e para a economia do país pois, como ficou demonstrado na passagem da crise, um mercado interno fortalecido é fundamental para a saúde da economia.