Ampliar benefícios ao povo e elevar a disputa de ideias

Pesquisas de opinião confirmam que disputa de 2026 será acirrada. Governo precisa ampliar programas sociais e elevar eficácia de sua comunicação

Os dados da pesquisa Genial/Quaest divulgados na quarta-feira, 4, trazem sinais de alerta ao governo Lula e às forças política que o apoiam. Embora, de conjunto, o prestígio do governo e do presidente Lula demonstrem resiliência, mantendo-se num patamar competitivo, é necessário, entre outras medidas, redobrar os esforços para ampliar e efetivar os programas sociais que melhorem a qualidade de vida do povo e elevar o grau de percepção na opinião de pública de que tais programas provém do governo.

Pelos números da pesquisa, 60% dos brasileiros não têm conhecimento nem dos programas que já foram lançados e, tampouco, dos novos, que serão efetivados. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública foi captada somente por 28% dos entrevistados, o crédito para entregadores comprarem motocicletas por 24% e o programa Agora tem especialistas por 25%.

Quatro programas tiveram um grau maior de percepção dos entrevistados, identificados como iniciativas do governo Lula. São eles: o Novo vale gás (59%), a proposta de isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil (56%) e a isenção da conta de energia para inscritos do CadÚnico e BPC (52%). A proposta campeã de conhecimento junto ao povo foi mudança da escala de trabalho 6×1 (64%).

Para se ter uma ideia do prejuízo político dessa defasagem de conhecimento, as medidas obtiveram aprovação de 79% entre os entrevistados que delas ouviram falar.

São dados que refletem a luta política entremeada de batalha ideológica e dos efeitos da denominada guerra cultural empreendida pela extrema-direita. Além do que, a maior parte da mídia corporativa atua para desgastar o governo, ofuscar e deturpando suas ações.

Impõe-se persistir nos esforços em andamento para elevar a capacidade do governo por sua base social, política e cultural na esfera da comunicação em todas suas dimensões, em especial no âmbito digital. Será uma batalha longa, assimétrica, de enfrentamento às plataformas digitais, declaradamente a serviço dos interesses da extrema-direita.

Imperativamente, é necessário alargar o raio de percepção sobre as ações do governo, ampliar os programas e acelerar sua execução. Nitidamente, se está diante de uma corrida contra o relógio. Cabe ao governo adotar uma agenda mais intensa, que dialogue diretamente com os segmentos beneficiados, abrangendo o presidente da República, seus ministros e demais setores do governo.

O papel da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) é fundamental, assim como a extensa agenda do presidente pelo país anunciando os feitos do governo, mas, à medida que se afunila o processo das eleições de 2026, outras iniciativas precisam ser pensadas.

Da parte dos movimentos sociais, um bom exemplo é o plebiscito popular sobre temas como a redução da jornada de trabalho, o fim da escala 6×1 e a isenção de Imposto de Renda, importante iniciativa para dar participação e protagonismo ao povo na jornada por seus direitos.

A grande questão imediata é melhorar a vida do povo, o que exige soluções efetivas, prioridade do governo Lula limitada pelas amarras impostas pela direita e a extrema-direita no pós-golpe de 2016, como o controle do orçamento público pelas emendas de grupos parlamentares, a “independência” do Banco Central para entregá-lo oficialmente aos ditames do mercado financeiro, as mutilações na legislação – como as “reformas” trabalhista e previdenciária – e o ataque privatista a setores estratégicos do Estado, sobretudo a privatização da Eletrobrás.

Com essas amarras, o programa de governo eleito em 2022 enfrenta limitações para fazer o Estado destinar investimentos ao setor produtivo e ao progresso social. Essa contradição se reflete na disputa entre as forças interessadas no desenvolvimento do país e os agrupamentos ligados aos interesses financeiros e monopolistas. Reunir no governo todas as forças comprometidas com o desenvolvimento nacional, apoiadas pela mobilização popular, é a tarefa prioritária para direcionar a economia e o Estado no rumo do setor produtivo e ampliar o combate às injustiças sociais.