As garras dos Estados Unidos sobre a Ucrânia: a guerra e, agora, a pilhagem
Consta que algo em torno de 5% dos materiais estratégicos, não processados, do mundo estejam na Ucrânia
Publicado 02/05/2025 17:30
O acordo assinado entre Estados Unidos e Ucrânia sobre a exploração da riqueza ucraniana em minerais raros é um flagrante da velha pilhagem do imperialismo estadunidense. Depois de o governo Joe Biden, por intermédio da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), braço militar ianque na Europa, ter maquinado a guerra entre Ucrânia e Rússia para debilitar o poder nacional de Moscou e, por extensão, atingir a República Popular da China, agora o governo de Donald Trump dá uma volta a mais no parafuso. Parte para o saque dos minérios do subsolo ucraniano.
Além de minerais raros, o acordo se estende ao petróleo, ao gás, ao ouro, ao alumínio, enfim, a tudo de valor que por lá existe. O bilionário Trump se gaba de ser bom negociador. Usa seus métodos na presidência dos Estados Unidos. Joga uma proposta com exigências estratosféricas para depois tentar arrancar do outro lado, o alvo de sua ambição, dando ares “ao negócio” de cedência recíproca e ganhos mútuos.
Agora, surge um acordo. O governo de Zelensky entoa louvores aos Estados Unidos. Alardeia a fantasia de que se chegou a um pacto justo. Trump, por sua vez, foi explícito: “Como vocês sabem, estamos constantemente procurando terras raras. Fizemos um acordo (com a Ucrânia) para que possamos começar a cavar e a fazer o que precisamos.”
O comunicado assinado pelos dois países escancara que prevaleceu o que Trump dissera quando humilhou o presidente ucraniano na Casa Branca. Em tom imperial, na prática disse que os Estados Unidos confiscariam as reservas minerais da Ucrânia a título de pagamento pelos bilhões de dólares em armas. “Em 30 de abril, os Estados Unidos e a Ucrânia assinaram um acordo que estabelece o Fundo de Investimento e Reconstrução Estados Unidos-Ucrânia, em reconhecimento ao significativo apoio financeiro e material que o povo dos Estados Unidos forneceu à defesa da Ucrânia”, disse.
O tamanho do saque: algo em torno de 5% dos materiais estratégicos, não processado, do mundo estejam na Ucrânia, que corresponde a 19 milhões de toneladas de reservas comprovadas de grafite, um terço de todas as reservas europeias de lítio, significativa quantidade de titânio e, também, de terras raras. Tudo isso de uso indispensável na indústria tecnológica de ponta e na indústria bélica.
O governo dos Estados Unidos pôs Kiev de joelhos e arrancou esse festejado acordo, no contexto da guerra comercial com a China, responsável por algo entre 75% e 80% da produção mundial de metais pesados de terras raras.
Não há garantias explicitas de segurança à Ucrânia, como aspirava o governo Zelensky. Todavia, para concretizar o saque haverá presença direta dos Estados Unidos em solo ucraniano com investimentos, empresas, pessoal, logística etc. O que só aumenta as contradições entre Moscou e Washington e cria um potencial risco de conflito e confronto direto. A tática de Trump de buscar por uma cunha na aliança estratégica aliança sino-russa também se torna ainda mais improvável.