Centrais e movimentos sociais populares na construção da unidade

O foco da luta será a exigência de mudança da política macroeconômica do governo, mas a pauta será mais abrangente, devendo incluir cinco bandeiras de luta a serem definidas de comum acordo ao longo do mês de abril – este foi o mote da reunião realizada na sede da CTB, em São Paulo, no dia 29 de março, entre as lideranças da linha de frente da luta do povo no Brasil: os dirigentes das centrais sindicais e das entidades dos movimentos sociais. Foi um primeiro importante passo na construção da unidade, baseada numa agenda comum de reivindicações e manifestações programadas para o segundo semestre de 2010.

Pelo menos quatro centrais sindicais participaram e se comprometeram com a construção da unidade de ação: a CTB, A Força Sindical, a CUT e a UGT. Pelos movimentos sociais, estiveram presentes UNE, MST, UBM, UJS, Cebrapaz, Ubes e Unegro.

Todas as entidades presentes concordaram em definir as bandeiras de luta unitárias a partir das propostas aprovadas durante a 2ª Conclat e a última Plenária Nacional da Coordenadoria dos Movimentos Sociais (CMS), que adotaram, em maio e junho de 2010, a Agenda da Classe Trabalhadora e o Projeto Brasil. O espírito de unidade entre movimentos sociais e centrais sindicais está representado também na comissão aprovada para organizar os cinco pontos principais de unidade. Outro ponto de unidade foi a aprovação de uma Jornada Nacional de Lutas, que ocorrerá a partir de junho pelos estados, confluindo para um grande ato unitário marcado para ocorrer em Brasília, em agosto.

A adoção da política macroeconômica do governo como alvo principal das lutas populares a partir do segundo semestre tem um sentido definido: é o caminho para o fortalecimento do desenvolvimento nacional, como disse o vice-presidente da CTB, Nivaldo Santana. Para isso, enfatizou, será preciso reduzir as taxas de juros, mudar o regime cambial e diminuir o superávit primário.

As decisões tomadas na reunião do dia 29 são de grande importância. Em primeiro lugar, elas apontam para o fortalecimento da luta popular, em torno de um programa definido de comum acordo, e dirigida de forma unitária. Este é um passo fundamental para elevar o protagonismo social a um novo patamar não só de ativismo mas, principalmente, de organização.

A força da luta popular sempre cresce quando os movimentos superam a fragmentação, que leva à dispersão e ao enfraquecimento das reivindicações. Outro aspecto diz respeito ao foco do programa que será anunciado no final de abril, que unifica as ações e reivindicações em torno daquilo que é central na luta política em curso no país: a política macroeconômica do governo federal.

É através dela que são definidos quais os setores mais favorecidos na distribuição da riqueza nacional: se os rentistas, que vivem parasitariamente dos altos juros, entre os quais se incluem o grande capital financeiro nacional e especuladores estrangeiros que correm o mundo atrás dos ganhos fáceis proporcionados pelos juros; ou os trabalhadores e os setores produtivos que, sendo os responsáveis diretos pela criação e aumento da riqueza nacional, são penalizados com a verdadeira extorsão que os juros significam, cuja consequência é a concentração cada vez maior de riquezas nas mãos dos especuladores e rentistas, alimentando um ciclo perverso de transferência de rendas para estes setores.

Este talvez seja o significado maior do movimento de unidade reforçado a partir da reunião de 29 de março, o de dar concreticidade à demanda nacional de desenvolvimento com valorização do trabalho, distribuição de renda e fortalecimento dos setores produtivos. É uma aliança contra a especulação, pelo trabalho e pela produção.