Greve e caos na polícia é culpa de Serra

Numa prova cabal de intransigência e incompetência do governo tucano de São Paulo, a greve dos agentes da Polícia Civil completa hoje 59 dias de duração. Neste longo tempo, o estado mais rico do país ficou desprotegido, com várias delegacias do interior e da capital atendendo somente os casos de emergência, inúmeras passeatas e protestos públicos e alguns confrontos armados. O choque mais violento, que a mídia serrista tratou de ofuscar, aconteceu nas cercanias do Palácio dos Bandeirantes e resultou em cenas cinematográficas de guerra civil, com mais de 30 feridos, provocado pela intransigência do governador tucano, que desrespeitou o compromisso de receber uma comissão dos grevistas.


 


A justa greve dos policiais, que estão sem reajustes há 14 anos, recebem os piores salários do país (daí a palavra de ordem PSDB – Pior Salário Do Brasil) e nem sequer foram ouvidos nas negociações, confirma a postura cada vez mais direitista do governador José Serra que trata o movimento social na ponta do chicote.


 


Principal candidato do PSDB à sucessão presidencial de 2010, ele já está em plena campanha e tenta se cacifar junto aos setores mais reacionários da sociedade. Durante a paralisação, Serra esbanjou arrogância, puniu os grevistas, destituiu delegados, e se recusou a negociar, inclusive quando os policiais suspenderam o movimento numa trégua para o diálogo.


 


Serra apostou no esvaziamento da greve, no cansaço dos grevistas, e no seu desgaste perante a população. Para isso, teve o apoio descarado da grande imprensa, que não deu destaque à paralisação, numa nítida operação de blindagem do presidenciável tucano. E que chegou a difundiu as mentiras do governador contra a ''partidarização da greve'' e a esconder os atos de solidariedade dos policiais em 14 estados. Somente devido à forte coesão dos grevistas, o governador refez sua proposta salarial, elevando o reajuste para 12% em duas vezes. O projeto de lei, porém, empacou na Assembléia Legislativa.


 


As lideranças da categoria ficaram insatisfeitas com esta proposta ridícula e prometem manter a paralisação. ''A princípio, ela não nos satisfaz. A greve continua e tem que haver acordo com as entidades'', afirma João Batista Rebouças, presidente do Sindicato dos Investigadores da Polícia. Já para o deputado Major Olimpio (PV), o ''governo tentou apagar o incêndio com gasolina''. A proposta oficial, além de parcelar o reajuste em dois aumentos anuais, não contempla o plano de carreira nem a aposentadoria. ''Não vejo razão para encerrar a greve'', opina João Martins, presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia. Como se observa, o truculento e incompetente Serra agora também é odiado pela polícia.