Jô Moraes cobra do governador atenção aos professores

A deputada federal e líder do PCdoB na Câmara, Jô Moraes (MG), cobrou

hoje do governador Aécio Neves atenção especial à violência que vem

vitimando professores das escolas públicas do Estado. Pelo menos dois

casos de violência contra

Ao solidarizar-se com o magistério, através do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais, pelo espancamento do professor de Física, Alexandre Lopes de Freitas, de 24 anos, a parlamentar também denunciou os baixos salários pagos aos profissionais. “Vivemos uma situação em que a precarização dos salários daqueles trabalhadores faz com que, cada vez mais, eles tenham de confrontar a questão da sobrevivência com a permanente condição de violência”, afirmou.

Jô Moraes observou que  há escolas cuja infra-estrutura não atende às exigências de uma educação de qualidade, registrando até a falta de papel higiênico e sabonete nos banheiros. Apesar de muitas dessas unidades receberem educandos originários de famílias desestruturadas ou até inexistentes, “oriundos de regiões marcadas pela violência, não alcançadas pelo braço do Estado”, a deputada ponderou que isto não não pode e nem justifica a situação de selva. “A escola deveria e deve ser um local intocável, preservado, amado e protegido pela comunidade”
 
Pronunciamento
 
Aqui, a íntegra do discurso feito pela deputada Jõ Moraes durante reunião plenária da Câmara dos Deputados na tarde de hoje:

“Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados,

Sou de uma época em que o exercício do magistério era um ideal, porque representava formar uma geração, prepará-la para construir um país, um mundo melhor. A educação formal era o degrau base – a chave para se descortinar um novo amanhã. Pois hoje, a despeito de a educação ainda ser o alicerce em que se fundamenta uma nação, o exercício do magistério tornou-se um verdadeiro martírio. Educadores estão sendo ameaçados, atacados moral e até fisicamente por alunos. E dentro das escolas.

Pois ontem, um jovem professor, de apenas 24 anos, foi covardemente espancado por um aluno seu, um rapaz de 17 anos, dentro de uma escola pública estadual, situado num bairro de classe média de minha Belo Horizonte. O motivo: ciúmes da namorada, também estudante do educandário.

Recentemente denunciei desta tribuna que os professores de minha cidade e, de um modo geral, de Minas Gerais, estavam adoecendo com maior freqüência. Estão assustados, traumatizados, pois o aumento da violência nas escolas é fato inconteste. E eles são as maiores vítimas.

Vivemos uma situação em que a precarização dos salários daqueles trabalhadores faz com que, cada vez mais, eles tenham de confrontar a questão da sobrevivência com a permanente condição de violência.

Muitas dessas escolas estão em baixas condições estruturais, não têm sequer banheiros dignos, com papel higiênico e sabonete. O maior contingente de alunos é oriundo de famílias desestruturadas, ou mesmo inexistentes e reside em regiões marcadas pela lei do mais forte, não alcançadas pelo braço do Estado. Mas isto, não pode e nem deve justificar a violência. Ao contrário: a escola deveria e deve ser um local intocável, preservado, amado e protegido pela comunidade.

Senhores, segundo o delegado Felipe Falles, que autuou o estudante, a cada semana são registrados pelo menos dois casos de violência contra professores. E foi mais além: disse que as lesões são cada vez mais sérias. Ora, sabemos que muitos casos, em especial as ameaças verbais, os pneus furados, os carros riscados, sequer são denunciados formalmente, pois há o medo. E há também outro fator, que precisa ser apurado. Segundo informa a imprensa mineira hoje, o diretor de Comunicação do Sindicato Único dos trabalhadores em Educação de Minas Gerais – SindUte, professor Antônio Braz, declarou que os professores “viraram reféns dos alunos e alvo do assédio moral das direções das escolas para não denunciar as agressões”. Trata-se de uma denúncia extremamente grave.

Quero aqui, desta tribuna me somar à indignação do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais e me solidarizar com todos os professores de minha cidade e de meu Estado, através deste jovem professor de Física tão barbaramente atacado pelas costas com chutes e socos. Pedir às mães e pais que olhem seus filhos, que procurem saber onde estão, com quem estão, o que fazem, como interagem com os colegas, os professores. Quero, aqui, fazer um apelo aos pais para que procurem participar das atividades escolares, que façam valer de fato a tão esperada sinergia entre a comunidade e a escola.

Quero também fazer um alerta, um apelo especial aos pais desta adolescente, cujo namorado se revela tão violento, tão destemperado. Qual vai ser o próximo ato deste moço quando ela não mais o quiser como namorado?

Meus queridos, é preciso educar os filhos, mostrar-lhes  que amor não é posse, não é covardia.

E, acima de tudo, quero fazer uma solicitação formal, exigir do governo de Minas  que apure os mínimos detalhes todas as agressões – seja em forma de ameaça verbal, velada  ou física – feitas aos professores e demais membros das escolas. Que todos sejam ouvidos e as denúncias devidamente registradas e apuradas. A Lei do Silêncio não pode prevalecer nas escolas, jamais. Estamos numa República, com Poderes estabelecidos e em pleno funcionamento. Não estamos numa selva. Era o que eu tinha a dizer”.

De Belo Horizonte,
Graça Gomes