Marchas e vaias prenunciam 2010

Em Cuiabá, cidade do calor e da água, o presidente Lula, escaldado com a operação de “cerco e aniquilamento” de que foi vítima no primeiro mandato, resolveu reagir a uma nova ofensiva que a direita neoliberal busca empreender contra o êxito do seu segundo mandato.


 


Ante a oportuna reação do presidente, a mídia se faz de santa e seus comentaristas alertam para o perigoso jogo de se insuflar “uma luta de classes que não existe.” Outros ao defenderem a “cansei” argumentam que “não é preciso atestado de pobreza” para se organizar e participar de marchas. (No que estão cobertos de razão). Famílias com atestado de opulência e conservadorismo realizaram marchas em defesa da família, da propriedade e do golpe militar de 64.


 


As realizações do governo são ocultadas. Nada vale nada. O noticiário é um moto-contínuo de lambança e lama. Da manipulação, de versões de fatos e fatos maquinados e maquiados resulta um Brasil deformado. É como se o país fosse uma vasta pocilga. 


 



Às vésperas da realização do PAN um “blogueiro” proclamava-se irado e tristonho. Afinal, dizia ele, “teremos uma quinzena de ufanismo e patriotada”.  De fato, o PAN foi uma tortura para essa gente. Tiveram muito a contragosto de reconhecer o êxito do evento, embora que com o ridículo esforço de esconder os méritos do governo Lula.


 


São os primeiros trovões anunciando o que será 2010. A direita neoliberal, o conservadorismo que tem suas raízes na “Casa-grande” nunca engoliu o fato de um homem oriundo da “Zenzala” ocupar o Palácio do Planalto.


 


No primeiro mandato, recorreram ao golpismo de sempre e tudo fizeram para “impedir o governo de governar”. Tentaram pela tramóia cassar o mandato do presidente. Só recuaram porque perceberam que enfrentariam a revolta do povo. Aliás, recuaram porque o povo organizado em seus movimentos e em seus partidos armou as barricadas.


 


Oito anos fora do governo central são penosos em demasia para esse conservadorismo que reinou por quase toda história da República. Quando surge o prognóstico de que a base política do governo alicerçada nas realizações da gestão de Lula poderá eleger o sucessor, a direita entra em transe. O ciclo democrático, patriótico, popular e progressista de 8 anos, projetar-se para 12, é algo que o imperialismo e as classes dominantes locais não concebem.


 


A manipulação vil e mesquinha do luto das famílias que perderam seus entes queridos na tragédia ocorrida em Congonhas é só o começo.


 


Disse o presidente em Cuiabá: “Os que estão vaiando são os que mais deveriam estar aplaudindo, posso garantir que foram os que ganharam muito dinheiro neste país, no meu governo. Aliás, a parte mais pobre é que deveria estar mais zangada, porque ela teve menos do que eles tiveram. É só ver quanto ganham os banqueiros, os empresários, e vamos continuar fazendo política sem discriminação”.


 


O diagnóstico do presidente no fundamental parece correto. A questão a examinar é a conclusão. Política de discriminação não se deve fazer. Não faz parte do ideário progressista. Contudo, o segundo mandato de Lula tem respaldo social e político para ser mais ousado na realização do compromisso maior com o qual a reeleição foi consagrada: desenvolvimento acelerado com distribuição de renda.


 


Se o presidente reconhece que o povo teve menos ganhos do que os banqueiros não há  porque vacilar em ir além nas realizações que elevem a qualidade de vida da ampla maioria do povo.


 


Para que as forças progressistas lideradas por Lula vençam em 2010 é preciso um povo contente com o balanço do governo que é filho de sua consciência e de suas lutas. O que mais ambiciona a direita neoliberal é que “povo se zangue”.