O avanço do Bloco de Esquerda

O Bloco de Esquerda nasceu no curso da última disputa da presidência da Câmara dos Deputados. Esse confronto, como se sabe, redesenhou o mapa político da base partidária de apoio ao governo do presidente Lula. À época o PT deu um giro a mais em direção ao centro e privilegiou uma aliança com um setor do PMDB recém-chegado à arca de Lula. Se o PT fez sua escolha, de igual modo, PSB, PCdoB, PDT, PRB, PHS, PMN também fizeram a escolha deles e reafirmaram o papel imprescindível da esquerda na base do governo e no cenário político nacional.


 


(No seu 3º Congresso realizado recentemente o PT, positivamente, sublinhou a importância do “núcleo de esquerda” ao êxito do governo e à vitória das lutas futuras do campo progressista. Espera-se, agora, da legenda petista as iniciativas concretas para tornar realidade essa resolução.)


 


De lá para cá, o Bloco enfrentou desconfianças que o novo sempre provoca, bombardeios de alguns e desdém de outros. Contudo, resistiu a essas intempéries e segue com uma trajetória ascendente. No dia 20 de junho, em Brasília, na sede nacional do PDT lançou um manifesto com sua plataforma e objetivos políticos.


 


Depois de se estruturar na Câmara Federal, agora, avança pelos os Estados onde seus atos de lançamento têm alcançado grande êxito. Em particular, os três últimos, no Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, mostraram sua força e potencialidades.


 



De onde provém essa vitalidade até então demonstrada? No ato de Porto Alegre, ocorrido no último dia 17, O presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, destacou que o Bloco é a ''expressão de uma consciência política que o país exige''. E sublinhou que essa união é o ''é reencontro de partidos que têm tradição e história, e está destinado a ter papel importante na vida política do país''.


 


A missão política do Bloco enquanto integrante da base governista é impulsioná-lo a realizar com ousadia o programa com o qual o presidente foi reeleito. Condição para que o ciclo aberto no país pela vitória de Lula em 2002 tenha continuidade. Para Renato, ''Este ciclo tem que continuar, em um patamar superior. O desafio é descortinar este caminho''.


 


Essa opinião dos comunistas tem afinidade com a dos socialistas para quem o Bloco, nas palavras do vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, é “uma  exigência do processo histórico. Uma exigência do país. Não é apenas uma frente de partidos, é uma frente do povo''. Para Amaral o Bloco vai se consagrando aos olhos da sociedade  “como uma frente da esperança.”. Quanto ao seu objetivo político, segundo os socialistas, é” organizar um programa nacional, de construção do Brasil e contra o neoliberalismo.” O governo Lula, na opinião dele, “não pode ser entendido como estação de chegada, mas sim como ponto de partida para o aprofundamento das mudanças que o país precisa.”


 


Por sua vez, para os trabalhistas conforme o pronunciamento do presidente PDT do Rio Grande do Sul, Matheus Schmidt, o Bloco é a junção de quem tem história e tal força no presente deve fortalecer as grandes lutas do povo brasileiro: ''os nossos partidos se encontram no seu leito natural: têm história e acervo de lutas, em defesa do povo brasileiro. Este Bloco deve se transformar em uma grande frente de lutas do povo brasileiro, em favor da sua emancipação''.


 



Sabe o Bloco de Esquerda que essa correta definição estratégica de seus objetivos precisa ganhar corpo nas eleições municipais de 2008. Por isso as legendas que o integram, respeitadas suas autonomias e a diversidade política de um país continental como o Brasil, buscam entendimentos com o objetivo de construir chapas do Bloco para disputar o maior número de prefeituras.


 


Suas lideranças, também, sempre fazem questão de sublinhar que o Bloco não é contra o PT e destacam a dimensão e a importância política da legenda petista. O adversário do Bloco é a direita neoliberal e sua grande missão é contribuir para vencê-la em 2008 e em 2010.