O Brasil cresce, apesar da ditadura do Copom

Por cinco votos a três, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aumentou em 0,75% a taxa de juro básico (Selic) elevando-a para 13,75% ao ano. Esta decisão contrasta com os resultados divulgados pelo IBGE, na semana anterior, de que no primeiro semestre o PIB aumentou 6% em relação ao primeiro semestre de 2007, acumulando um aumento de 25,8% nos últimos doze meses. Isso dá uma média trimestral de 6,5% de crescimento, a maior em trinta anos, aproximando-se dos níveis do ''milagre econômico'' das décadas de 1960 e 1970. Sem a ditadura política, com o bolo sendo dividido à medida em que cresce, ao contrário do que acontecia naquela época. Mas sob a ditadura inexorável do Copom sua contestada política de juros altos.



Hoje, o motor da economia é o mercado interno. A produção voltada para os brasileiros impulsiona o crescimento, com mais trabalho e mais renda, embora haja muito ainda a fazer contra as graves distorções representada pela renitente desigualdade social.


 


O economista Paulo Nogueira Batista Jr. – em artigo na Folha de S. Paulo, republicado neste Portal – destacou que desde o ano passado há uma aceleração gradual da economia. ''A indústria cresceu 6,3% em relação ao primeiro semestre de 2007; a agropecuária, 5,2%; o setor de serviços, 5,3%''. E alertou que ''se a expansão da demanda ultrapassa a capacidade produtiva, pode haver pressão inflacionária e/ou aumento exagerado das importações e desequilíbrio nas contas externas. Os dados mostram, contudo, que o investimento produtivo vem apresentando desempenho excepcional. A formação bruta de capital fixo está aumentando há oito trimestres consecutivos. No segundo trimestre deste ano, o investimento fixo foi nada menos que 16,2% mais alto do que em igual período de 2007.'' Isto é, tudo indica que o volume de investimentos acompanha o crescimento da produção e o aumento do consumo, dando solidez a esta retomada.


 


Retomada contra a qual a política de juros do Banco Centra se opõe, apesar da resistência que encontra. Na Fiesp, o novo aumento dos juros suscitou fortes críticas, principalmente porque ocorre num momento de queda da inflação. As entidades nacionais dos trabalhadores – CUT, Força Sindical e CTB — foram igualmente críticas, dizendo que esse aumento não tem razão de ser como se pode comprovar com os índices do Custo de Vida do Dieese, divulgados em agosto, com queda acentuada dos alimentos.


 


O resultado do aumento do PIB é um bom sinal, fez questão de registrar o presidente Lula em seu programa semanal de rádio: ''Ele significa que a economia brasileira está no caminho certo, num ritmo de crescimento equilibrado e muito sustentável''. Mas alertou contra um possível descompasso entre produção e consumo. É importante, disse, que o ritmo da economia acompanhe a demanda, porque se o consumo for maior do que a produção, ''o resultado é que a gente tenha uma inflação''. Ele quer trabalho sério e equilibrado ''para que a economia continue crescendo forte e que a gente possa ter um consumo também forte, mas não maior do que aquilo que a economia pode atender''. Com isso, disse ele, ''vamos ter mais emprego, o emprego vai continuar crescendo, os salários vão continuar crescendo, a renda das famílias vai continuar crescendo''.


 


A ação deletéria do Banco Central a serviço fundamentalmente do setor financeiro, vai prejudicando todo este esforço. O aumento persistente das taxas de juros acaba inibindo os investimentos e prejudicando o crescimento do país. É bom lembrar que se as taxas de desemprego vêm caindo, ainda há muitos trabalhadores à procura de emprego ou subempregados em ocupações precárias. A questão é como barrar a sanha incontida do Copom, na contra-mão da história.