O 'Sim' da Venezuela e o Senado brasileiro
A Venezuela bolivariana obteve neste domingo (16) a sua 14ª vitória em um total de 15 eleições. Conforme o último […]
Publicado 16/02/2009 21:21
A Venezuela bolivariana obteve neste domingo (16) a sua 14ª vitória em um total de 15 eleições. Conforme o último resultado parcial disponível, com 99,57% das urnas apuradas, o ''Sim'' à reeleição indefinida dos governantes teve 54,85% dos votos válidos. O comparecimento foi de 70%, excepcionalmente alto em um país onde o voto é opcional.
Não cabe aqui discutir o mérito do instituto do terceiro mandato – terminantemente rejeitado pelo presidente Lula no Brasil – ou os riscos de um processo ancorado na figura do presidente Hugo Chávez. A Venezuela viveu no domingo mais um embate polarizado: de um lado, o processo bolivariano, radical-democrático, antiimperialista, revolucionário e socializante; de outro a oposição representativa das elites conservadoras e pró-americanas. O resultado não podia ser mais nítido.
O ''Sim'' triunfou e 18 dos 23 estados e ainda no populoso distrito da Capital. Dos cinco estados restantes, Carabobo e Mérida estão praticamente empatados. A própria oposição e a mídia a seu serviço foram obrigadas a admitir a sentença das urnas.
Porém o que mais se destaca é o escore de 14 a um no acumulado das eleições venezuelanas.
Ele impressiona duplamente. Primeiro, pelo total de 15 consultas às urnas em apenas dez anos: foram três eleições presidenciais, afora o ''referendo revogatório'', e ainda as parlamentares, regionais e outros referendos. Trata-se de um recorde sem precedente em país algum das Américas – e de uma refutação incontestável da patranha de que Chávez é um ''candidato a ditador''. Segundo, pela soma arrasadora de 14 vitórias contra apenas uma derrota, no referendo constitucional de dezembro de 2007, por apenas 1,4% dos votos válidos.
O padrão dessas votações é nítido. O voto oposicionista se confina basicamente nos colégios eleitorais mais endinheirados; e perde sempre naqueles onde vota o povo trabalhador.
A oposição conservadora já enveredou por sucessivos caminhos para quebrar essa muralha sócio-político-eleitoral. Tentou a mobilização de rua, o golpe de Estado, o locaute patronal, a sabotagem, o terrorismo, o boicote e a participação eleitoral. Neste domingo, deu-se mal pela 14ª vez.
É um notável feito do movimento bolivariano encabeçado por Chávez. E representa também uma vitória da causa da integração continental latino-americana, que tem nele um dos seus mais ardorosos impulsionadores.
Convém que o recado dos eleitores venezuelanos seja ouvido no Senado brasileiro, a quem compete votar o pedido de ingresso do país vizinho no Mercosul (já aprovado na Câmara dos Deputados). O recém-eleito presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP) expressou no passado resistências a essa ampliação do bloco econômico do Sul; espera-se dele e seus pares que se curvem à nova realidade e ao novo protagonismo popular nesta parte do planeta; que também votem ''Sim'', antes tarde do que nunca, por uma América Latina mais unida, mais integrada e portanto mais forte.