PCdoB: participar dos governos para acumular forças

Há uma comparação entre os ideólogos do capitalismo e os que defendem o socialismo que o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, tem feito com frequência: os primeiros são geriatras, diz ele, enquanto os defensores do socialismo são equivalentes a pediatras.

Esta comparação tem vários sentidos. O mais forte deriva do fato histórico de que, enquanto o capitalismo, que se tornou hegemônico há uns três séculos, encontra-se em nítido declínio, o socialismo é um sistema novo, “recém-nascido” e que, com menos de um século, está ainda em fase de definição.

Com a crise vivida pelo socialismo e o movimento revolucionário no final do século passado, foram superadas algumas ideias que, no período anterior, tiveram muita força. Entre elas a de que havia um modelo único de socialismo. Hoje, é corrente a compreensão de que não só tal modelo é falso, como a de que cada nação vai encontrar seu próprio caminho para a construção deste sistema novo e avançado. Há também outras aquisições que decorrem do aprendizado da experiência anterior. Uma delas é o reconhecimento da necessidade dos comunistas participarem de governos progressistas e avançados; outra é uma compreensão mais correta da relação entre mudanças revolucionárias e a defesa de reforma estruturais profundas.

Estes temas estiveram na pauta do seminário nacional “Governar para um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento”, realizado pelo PCdoB neste final de semana. Ali foi iniciado o balanço mais sistemático da participação dos comunistas nos três níveis de poder, que se aprofundou desde a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002. Os comunistas tiveram papel importante na governança brasileira, avançando à frente dos governos municipais, com destaque especial para a presença no governo federal, ocupando ministérios, agências reguladoras, ou posições em inúmeros órgãos públicos, numa situação inédita que registra o avanço democrático alcançado no Brasil onde, há poucos anos, a mera proximidade dos comunistas em relação ao governo sempre era motivo de alarme para os setores mais conservadores das elites.

Conscientes de seu papel histórico, os comunistas enfrentam os novos desafios com a mesma determinação com que tradicionalmente desempenham as tarefas que lhes são propostas. E conseguiram forte reconhecimento dos aliados e inclusive de adversários. É preciso acumular forças para o Brasil continuar avançando – esta é a ideia-chave da posição dos comunistas.

Acumular forças significa trabalhar duro para o pleno sucesso dos governos democráticos e avançados eleitos desde 2002: primeiro Lula, agora Dilma. O avanço democrático do país depende do sucesso dos governos das forças patrióticas e avançadas, e os comunistas dão e darão seus melhores esforços nesse sentido.

A ação do PCdoB tem duas marcas principais: a defesa intransigente da democracia e de um novo Programa Nacional de Desenvolvimento para colocar o país em uma rota de crescimento capaz de elevar o nível de bem-estar da população e, ao fortalecer a economia, sedimentar também as bases da soberania nacional.

A superação da crise do socialismo, nas décadas de 1980 e 1990 significou, para o PCdoB, aprofundar a compreensão da relação entre mudanças estruturais e revolução. Ao contrário do que muitos pensavam, opondo radicalmente reforma e revolução, a compreensão contemporânea, que fundamenta inclusive a participação do PCdoB em governos e sua política de alianças ampla e flexível, reconhece a relação dialética entre aquelas duas dimensões da mudança histórica, encarando as reformas estruturais profundas como parte do caminho a percorrer para atingir o objetivo final estratégico da luta dos comunistas, o socialismo.

A outra parte do caminho é a luta das massas populares por seus direitos, a conjugação dos grandes embates políticos da nossa época, as lutas democráticas, sociais e patrióticas, com caráter popular e de classe, contra o sistema de dominação das classes dominantes.