Petróleo ao preço de 200 mil vidas

Em 2003, as forças democráticas e progressistas do mundo mobilizaram milhões de pessoas contra a invasão do Iraque denunciando que se tratava de uma velha guerra imperialista de ocupação e saque. O brado de “não à guerra por petróleo” ecoou pelos continentes. Hipocritamente, a coalizão bélica chefiada pelo governo Bush dizia que se tratava de uma ação para proteger a comunidade internacional de possíveis ataques terroristas emanados do governo de Sadam Hussein.


 


Que o Iraque não tinha armas de destruição em massa, que o governo de Sadam não tinha vínculos com a rede terrorista Al Queda, isso já havia sido demonstrado, meses depois da ocupação. Bush e seu coadjuvante Tony Blair, então primeiro-ministro britânico, haviam mentindo de modo descarado para a comunidade internacional.


 


Agora, cinco anos depois, os fatos dão razão aos povos e provam que um dos verdadeiros intentos daquela guerra era, sim, a pilhagem da principal riqueza dos iraquianos. O Iraque tem a terceira maior reserva mundial de petróleo: 115 bilhões de barris. Para se apossar dessa riqueza, os EUA patrocinaram uma guerra que já custou mais de 200 mil vidas.


 


Agora, o governo iraquiano anuncia a abertura de licitação internacional para a recuperação e exploração de seis campos gigantes de petróleo. Pretende-se elevar a produção nestes campos a 1, 5 milhão de barris por dia. Em 2013, a meta é chegar 4,5 milhões de barris por dia. Cerca de 40 empresas deverão assinar contratos de longo prazo para recuperação dos campos.


 


Todavia, conforme informa o jornal “The New York Times”, seis contratos de curto prazo serão assinados sem licitação. Seis grupos petrolíferos serão contemplados. De onde? Dos Estados Unidos da América e da Inglaterra.


 


Com o petróleo girando na casa dos US$140 e a economia estadunidense em crise, a Casa Branca entendeu que é chegada a hora de assumir a farsa. Foi dada a largada para o saque.


 


A exploração de petróleo no Iraque foi dominada entre 1927 e 1972 pela Iraq Petroleum Company (IPC), constituídas por monopólios estrangeiros. Em 1972, o governo de Saddam Hussein nacionalizou a IPC, e o governo passou a controlar a exploração de petróleo. Tudo vai, agora, para o controle das potências que promoveram a ocupação infame.


 


Bush antes de deixar a Casa Branca pretende trazer o butim da guerra. Ostentando o saque, talvez queira com isso reduzir a rejeição ao seu governo pela população estadunidense. Mas, sempre haverá alguém que lembre: são barris de petróleo ao preço de mais 200 mil vidas.