Uma boa nova no país das desigualdades

Num país marcado por desigualdades sociais e regionais, os dados divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) que atestam […]

Num país marcado por desigualdades sociais e regionais, os dados divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) que atestam uma queda da proporção entre os salários mais altos e mais baixos dos país são alentadores. Em 2003, os salários mais altos eram 27,5 vezes maiores que os mais baixos, em 2007 essa proporção caiu para 23,3 vezes. Embora a diferença ainda seja muito grande, o avanço merece ser saudado.



Os dois principais fatores para essa diminuição foram, segundo o IPEA, a política de reajuste real do salário mínimo e as políticas de transferência de renda. Fatores estes envoltos num quadro geral positivo de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e aumento da oferta de postos de trabalho.



Na análise dos números, o Ipea destaca a recuperação de renda nas camadas mais pobres da população. Entre 2003 e 2007, a renda dos 20% mais pobres cresceu 25,9%, contra 5,6% dos 20% mais ricos.



Contudo, dado a histórica e longa trajetória de concentração de renda no país, para Márcio Pochmamn, presidente do IPEA, só em 8 anos Brasil deixará de ser um país ''primitivo'' na distribuição da renda no mercado de trabalho. Desde que, é claro, se mantenham o ritmo de crescimento e a mesma política salarial e social.



Obviamente, essa melhora na distribuição de renda não é motivo para euforia, em razão do abismo que separa os ricos e dos pobres no Brasil. Todavia, trata-se do início de reversão de um dos principais problemas do país. Essa alteração de rota deve-se às lutas dos trabalhadores e às políticas implementadas pelo governo do presidente Lula. O reajuste real do mínimo foi implantado em 2004 e a política de transferência de renda ganhou no atual governo um salto quantitativo e qualitativo. Foi, portanto, patética a reação de desdém de setores da mídia e da oposição, minimizando o alcance social e econômico da redução da desigualdade registrada pelo IPEA.



Enquanto isso, de Washington, o diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strausskahn, mandou uma “recomendação” aos governos dos países latino-americanos. Ante a onda inflacionária que se propaga pelos continentes, Dominique apela aos governantes que “resistam” a dar aumento salariais. Segundo ele, a perda do poder aquisitivo é o preço que a “sociedade” deve pagar para conter a inflação.
Felizmente, tais “recomendações”, embora ainda tenham poderosos adeptos dentro e fora do governo, já não têm força de lei no Brasil, como se dava nos anos 90, no reinado PSDB-PFL.



Ao contrário de tais recados do FMI, de resto desmoralizados pela vida, o governo do presidente Lula dever perseverar no caminho escolhido: crescimento econômico associado com uma firme política de distribuição de renda.