Virada Cultural: Manifestantes lotam Av da Universidade contra o golpe

Os cearenses foram às ruas na noite do último sábado (16/04) para demonstrar, mais uma vez, que são contra o golpe e a favor da democracia. 

Virada Cultural: Manifestantes lotam Avenida da Universidade contra o golpe

Em uma grande Virada Cultural que lotou a Avenida da Universidade, desde o cruzamento com a Avenida 13 de Maio até vários quarteirões no sentido praia-sertão, a manifestação reuniu milhares de pessoas, representantes dos mais diversos segmentos, unidos na defesa do estado democrático de direito e na luta para impedir que Eduardo Cunha, réu no Supremo Tribunal Federal, e Michel Temer, conspirador assumido, promovam neste domingo, 17/4, um golpe no Brasil com consequências imprevisíveis para a história de nosso País.

A multidão que ocupava a Avenida da Universidade até onde se podia ver, incluindo um acampamento e tendas ocupadas por diferentes segmentos e movimentos sociais, foi animada desde as 20h ao som de dezenas de artistas cearenses, que se sucederam no palco reforçando que "não vai ter golpe". O som do Luxo da Aldeia, com músicas de compositores cearenses como Fausto Nilo, colocou todos pra dançar, relançando sobre a avenida, fechada para o trânsito de carros, o clima do pré-carnaval de Fortaleza.

Em participação especial cantando o maracatu "Noite azul", parceria com Pingo de Fortaleza, o cantor e compositor Parahyba destacou a luta contra um novo golpe no Brasil: "Quando eu tinha a idade desses meninos, eu tava aqui nessa avenida pra lutar contra a ditadura. Não vai ter golpe". A presença de pessoas de diferentes idades, de avós a netos, confirmou o reencontro histórico de cearenses que lutaram contra a ditadura civil-militar de 1964 a 1985 e que agora foram para a rua, juntamente com seus filhos e netos, lutar para evitar um novo golpe.

Os integrantes do Luxo da Aldeia ressaltaram a enorme participação na manifestação com cultura e arte, pela democracia. "Essa avenida lotada é uma demonstração de que esse golpe não vai passar", disseram, antes de cantar o clássico "Terral", de Ednardo: "Na terra é pleno abril".

Transmissão ao vivo

O presidente do PT no Ceará, De Assis Diniz, subiu ao palco para agradecer pela presença de todos e ressaltar que um grande público também acompanhava a manifestação através da Internet, com transmissão ao vivo, viabilizada pela Mídia Ninja. Os Comunicadores pela Democracia também promoveram ampla cobertura, em tempo real, ao longo de toda a Virada, nas mídias sociais e em diversos sites.

De Assis ressaltou que a mobilização popular contra o golpe continuará, sem intervalos, na Avenida da Universidade, incluindo nova programação cultural, com vários artistas, a partir das 8h da manhã deste domingo, incluindo a presença de vários movimentos sociais, como o MST, a Fetraece, a Frente Brasil Popular, a Frente Povo sem Medo, os Médicos pela Democracia, entre vários outros. "Será uma manhã toda com música, cultura e alegria, contra o golpe", enfatizou o presidente do PT-CE.

Quartinha, Renegados, Portela, Fernando Rosa

O grupo Água de Quartinha levou seu rock à manifestação contra o golpe, com as canções entoadas por Zé Rodrigues colocando o povo pra dançar e pensar. A banda de rock Renegados, uma das mais tradicionais da cena cearense, também subiu ao palco para protestar contra a tentativa de golpe, "enquanto o deputado aumenta o seu próprio salário fazendo o povo de otário", como cantou em uma das canções o vocalista e guitarrista Marcelo Pinheiro.

Os cantores, instrumentistas e compositores Gustavo Portela, Vitoriano, Oscar Arruda e Fernando Lélis também cantaram para o público que, mesmo na alta madrugada, seguia lotando a Avenida da Universidade, em uma demonstração de civismo e de ocupação do espaço público com cultura e manifestação social e política.

A seca e o Bolsa-família

Já o cantor, compositor e violonista Fernando Rosa destacou o prazer de participar de uma festa em defesa da democracia no Brasil. Contou que cresceu no campo, vendo os retirantes que seguiam para Fortaleza para pedir esmolas e que invadiam comércios e prefeituras de municípios do Interior, movidos pela fome a cada ano de seca.

"Hoje vivemos o quinto ano seguido de seca no Ceará, e não vemos agricultores pedindo esmolas pelas ruas de Fortaleza nem invadindo comércios e prefeituras. Isso se deve ao Lula, ao bolsa-família tão criticado por alguns, às conquistas sociais", apontou, defendendo a democracia, contra o golpe.

Vários outros artistas se apresentaram no palco, até o amanhecer. A programação na Avenida da Universidade continua ao longo de todo este domingo, incluindo o acompanhamento, em telões, da sessão da Câmara dos Deputados em que os deputados votarão a tentativa de golpe. É grande a confiança na vitória popular, com a manutenção da democracia e da liberdade.