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Adalberto Monteiro: Fuga para o Interior

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Sei agora porque a vida criou a palavra alívio.
Quando saístes porta a fora,
percebi que a felicidade às vezes se manifesta
assim, miúda e mesquinha.


 


Ah, estrela encantada da minha infância perdida,
me proteja, careço de cor, brilho e luz!!!!!!!!!!!


 


Quantas horas, quantos dias, quantos anos…
Melhor se eu comprasse uma passagem
para uma minúscula cidade.
Me hospedasse numa pensão,
tomasse cerveja no balcão
de um empório.
Cheiro de rapadura e querosene,
escarros no assoalho imundo e
o colorido dos cortes de tecido.
Gente entrando e saindo,
gente que nunca voltarei a ver.
Fazer–me de funcionário do Governo,
de recenseador.
Sair de casa em casa
entrevistando
sobre isto e aquilo,
depois ir cada vez
mais dentro do interior,
cada vez mais distante
de você
e de mim.


 


Verbos do Amor & Outros Verbos – Adalberto Monteiro