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Publicado 04/09/2008 17:48 | Editado 13/12/2019 03:29
Vejo-os na feira e são muitos.
Cada qual a vender o seu pescado.
Atrás do balcão,
Lá estão, desajeitados.
Para viver são obrigados ao que mais odeiam
E menos sabem.
O ofício é mais avaro.
Os trabalhadores do mar
Ao menos de seu trabalho vivem.
Já os poetas sequer a arte os alimenta.
É preciso mil outros dons
E uma centena de outros ofícios.
Mas perseverantes, lá estão eles.
Cada qual com seu pescado
E uma pequena legião de admiradores,
O seu reinado.
Não buscam dinheiro, não buscam a fama,
Tampouco a glória.
Glorioso é o próprio ofício:
São os construtores da alma.
Sabem que a tarefa de humanizar o homem,
Não está completa.
Sabem que é necessário tornar
Novamente cristalina a água.
Sabem que cada poema é um grama do sal
De que necessita o oceano.
As delícias do amargo & uma homenagem: poemas
Adalberto Monteiro
Editora Anita Garibaldi – edição 2005