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Aleksandr Púchkin: A flor

*

Acho, entre as folhas de um volume,
Despetalada e murcha flor.
E devaneio estranho assume
Todo meu ser interior.


 


 


Abriu-se onde? Em que primavera?
E muito floresceu? E a mão
Que a colheu amiga, ou não, era?
E pô-la aqui com que intenção?


 


 


Em sinal de terna entrevista
Ou de separação fatal?
Ou de excursão, longe de vista,
Ao bosque escuro, à paz rural?


 


 


Estarão vivos ele e ela?
E seu recanto, onde o supor?
Ou já morreu o moço (e a bela),
Como esta misteriosa flor?


 


 


(1828)
Poesias escolhidas
Aleksandr Púchkin
Organização e tradução: José Casado
Editora Nova Fronteira – edição 1992