Sem categoria

Brasigóis Felicio: a solidão e a solidão do desamor assassino

*

Em Portugal, como na eterna


Pátria Brazilis, mulheres que se dignam


a só amar a quem amam


são almas marcadas para morrer.


 


 


Ao descobrir, ou supor


que sua mulher não é casta,


o “cabra macho” a mata


– macheza tamanha


que ao troglodita


de Neanderthal espanta


 


 


Estupidez intrépida e covarde


de quem se faz assassino


em nome do des/amor que sente


a quem o rejeita


 


 


Tratando a mulher


como propriedade sua,


o coronel a quer para si


para um pecado frio


que não é suado, rasgado, a todo vapor


como poderia ser, se não fizesse a mulher


de múmia mantida


– a maquiagem pesada


a moldar a máscara


da infelicidade explícita


em que se acha a vítima


– tão oprimida


pelo poder da verba regrada


que mesmo na cama


entregue à extinta volúpia de seu dono,


não pode sequer respirar


 


 


Gozar é insulto,


só o fazendo as putas


e a sua é para ser


a segunda esposa


– a esposa pública,


em que espoja


despojos do poder maléfico


(o de ser coronel


de uma propriedade humana


que ele pensa que ama)


 


 


Assim, fazendo as tripas coração,


vai o mantenedor destituído


de dignidade e pureza,


como sucede a toda criatura possuída


pela doença do controle


e a solidão do falso poder