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Canto de Batalha: um poema para celebrar a Greve Geral 

Há pouco menos de 24 horas, o Brasil concluía a maior Greve Geral de sua história. Para celebrar o histórico 14 de Junho, o Prosa, Poesia e Arte publica uma tradução inédita, em português, do poema Canto de Batalha, do poeta costarriquenho Jorge Delio Bravo Brenes, o Jorge Debravo.

Debravo

Nascido em 1938, Debravo cresceu em uma família de camponeses humildes e trabalhou desde criança para poder ajudar os pais. Morreu aos 29 anos, num trágico acidente, quando viajava de motocicleta para tratar de assuntos de trabalho.

Apesar de sua breve existência, Debravo produziu uma relevante obra poética, que o situou como como uma figura destacada da literatura da Costa Rica. Suas criações são cheias de imagens poéticas, capazes de combinar o humano ao natural, o tempo presente ao tempo da utopia.

É o caso de Canto de Batalha, retirado do livro Los despiertos (1967). Eis um exemplo dessas poética participante, que jamais cede à retórica fácil, pois sua dicção poética busca a articulação da beleza universal com a realidade social, segundo a perspectiva dos espoliados do mundo.

A tradução de Canto de Batalha que publicamos a seguir é de autoria do poeta Alexandre Pilati, professor de Literatura da Universidade Brasília (UNB) e colaborador do Prosa, Poesia e Arte. Confira o poema – e celebre a Greve Geral!

Canto de Batalha
(Jorge Debravo)

Compreendam a morte,
separem o homem dos deuses,
do último que resta dos deuses.

Quebrem a eternidade,
semeiem oboés,
inventem o modo de gerar o aço
enterrando as torres.

Iluminem as pálpebras derrotadas,
despertem-nas para as canções
até que aprendam a viver…

Mas não expulsem a sede, deixem-na
abrir-se em seus ossos como uma boca enorme,
porque na noite em que se banir a sede
vocês estarão definitivamente pobres.