De Thiago de Mello para os comunistas: “Faz escuro mas eu canto”

Verso do poeta amazonense foi lema do 14º Congresso do PCdoB

“Faz escuro mas eu canto”, um dos mais belos versos de Madrugada Camponesa (1965), de Thiago de Mello, foi o lema do 14º Congresso do PCdoB, realizado em Brasília, em 2017. Em vídeo especialmente gravado na ocasião, o poeta amazonense dedicou o poema a “cada dirigente e a cada militante” do partido. Segundo ele, era uma homenagem a “pelo muito que todos eles, na crista da onda do PCdoB, vêm fazendo com amor e ciência na construção de um caminho que conduza o Brasil e o seu povo ao encontro da alegria de viver”.

Madrugada Camponesa

Por Thiago de Mello

*

Madrugada camponesa,
faz escuro ainda no chão,
mas é preciso plantar.
A noite já foi mais noite,
a manhã já vai chegar.

Não vale mais a canção
feita de medo e arremedo
para enganar solidão.
Agora vale a verdade
cantada simples e sempre,
agora vale a alegria
que se constrói dia a dia
feita de canto e de pão.

Breve há de ser (sinto no ar)
tempo de trigo maduro.
Vai ser tempo de ceifar.
Já se levantam prodígios,
chuva azul no milharal,
estala em flor o feijão,
um leite novo minando
no meu longe seringal.

Já é quase tempo de amor.
Colho um sol que arde no chão,
lavro a luz dentro da cana,
minha alma no seu pendão.
Madrugada camponesa.
Faz escuro (já nem tanto),
vale a pena trabalhar.
Faz escuro mas eu canto
porque a manhã vai chegar.

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