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Dialética da (in)felicidade: revelações do Segredo (1)

“Você cria o próprio universo à medida em que avança”. (Winston Churchill). As linhas que se seguem são intertextos, bricolagens e brincadeirices em torno do best-seller O Segredo, que vende às toneladas, em forma de filme, livro e CD. Por mais que pareça

Gênios como William Shakespere, por exemplo, para quem “A vida é feita da mesma matéria de que são feitos os sonhos, e entre um sonho e outro, decorre a nossa curta existência”. O iluminado bardo William só esqueceu (ou não lembrou) de dizer que podemos exercer controle sobre nossos sonhos, a partir do domínio sobre os pensamentos, as emoções e os sentimentos.


 


 


“Sonhos que podemos ter/sonhos que podemos ser”, conforme uma banda roqueira gaúcha. Sonhos que  podemos ter não melhoram nossas vidas, se não os qualificamos com pensamentos positivos, impregnados de confiança e amorosidade a tudo o que vive. A pergunta essencial a fazer, para entrar no assunto, é: usamos nossa mente, ou somos usados por ela? Pensamos nossos pensamentos, ou somos pensados por eles?Agimos em nossas ações, ou somos “agidos” por elas, que nos perpassam e movimentam, por meio de emoções vazias, muitas vezes desarmoniosas e insanas? Em verdade, não somos o que pensamos, mas o que pensamos constitui aquilo que somos – ou as pessoas em que nos transformamos. No mais das vezes, a mente não pode funcionar de maneira harmoniosa e equilibrada, quando é movida pelo combustível pernicioso de pensamentos venenosos e cegos, com terríveis defeitos de fábrica (ou de origem, se quiserem). Como poderia existir em sanidade a mente que é movida por tempestades de ilusões vazias, e os terríveis equívocos resultantes da cegueira e do equívoco? Uma mente movida por emoções negativas é como a semente de uma doença mortal e mortífera, plantada em um corpo sadio.


 


 


Sustentam os cientistas de áreas diversas do saber aceito e ensinado pelas academias: tudo o que acontece em nossa existência decorre do modo como pensamos – e isto determina a qualidade do mundo em que vivemos. No caso, tanto de nosso mundo exterior, como o do ambiente, sustentado segundo a qualidade de nossos pensamentos. Este papo cabeça pode parecer banal, pedestre ou até mesmo eqüestre, mas não é. O tema é por demais presente em obras imortais do gênio humano. O que o livro O Segredo ensina, repetida e monocordicamente, é que as pessoas não estão vivendo a vida de seus sonhos porque não pensam no que desejam, e sim naquilo que temem ou não querem para si. A energia coloca em pensamentos negativos faz que se realize aquilo que mais tememos, uma vez sabendo que o universo responde à vibração magnética emitida, sem distinguir se a coisa desejada será boa ou má para quem a originou, com seus pensamentos e desejos.


 


 


Pensamentos focados em medo, falta e miséria atraem aquilo que representam. Assim, o temor da miséria vem a se constituir na miséria do temor, pelo mesmo motivo pelo qual a filosofia da miséria vem a resultar na miséria da filosofia (evoé, camarada Karl Marx!). Não sabendo que era impossível, desejou fazer, foi lá e fez! No momento em que desejou querer fazer, mesmo não sabendo como faria para conseguir seu intento, plasmou seu desejo na matéria inefável do sonho. Este querer ardente e ativo torna-se ainda mais poderoso, quando é coletivo. Talvez pensando nisto Miguel de Saavedra Cervantes, criador do sonhador Dom Quixote, escreveu: “”O sonho de um é apenas um sonho. O sonho de muitos é o começo da realidade”.