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Dorberto Carvalho: Ho Chi Minh e o dedo de deus

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Conta-se que Ho Chi Minh foi marinheiro, e embarcado teria passado pelo Rio de Janeiro, mas, uns mais abusados dizem que ele tomou um chopp na rua Álvaro Alvim, depois pegou um táxi até a Lapa cujo trajeto levou exatos duas horas e quarenta minutos. Mas deixemos de lado essa história e vamos pra história: É sabido de Minh escrevia poemas e decerto não dava a mínima para os que não dão a mínima para a quem escreve poemas, mas isso não vem ao caso, o caso é que o grande comandante certo dia estava acabrunhado com uns reveses sofridos na guerra e ao invés de se desesperar como acontece comumente com os menos experimentados, decidiu escrever um poema.


 


A principio pensou em escrever alguma coisa que o distanciasse da guerra, algo tão belo quanto uma flor de lótus, mas mesmo na sua quietude, toda vez que mentalizava a flor, esta era logo bombardeada por um B 52, não só a flor, mas aldeias, crianças e tudo e todos que estavam próximos. Ho Chi Minh tentava afastar as imagens até que adormeceu; foi então que sonhou que um dedo apontava num mapa os lugares que seriam bombardeados. Logo que despertou, Minh avisou seus camaradas que tomaram  providências para evacuar as áreas que seriam bombardeadas, o que realmente aconteceu. Dito e feito e apontado pelo dedo de deus (como querem crer), dizem que os norte-americanos despejaram toneladas de bombas no vazio, e o resto que sucedeu, todos sabem, mas uns dizem que enquanto os soldados norte americanos se retiravam derrotados, uma mão enorme com um dedo médio estendido aparecia no céu, assim dizem.


 


Bem, esta historia ou algo parecido com ela, foi contada por um taxista que me levou do Aeroporto Santos Dumont até o Jóquei na Gávea, e até fez-me aborrecer um pouco menos quando ele disse que o taxímetro estava quebrado e me cobrou sessenta reais.