Caso as mais de 30 agências regulatórias de todo o mundo aprovem a operação de fusão entre as gigantes da indústria química Bayer e Monsanto, anunciada nesta semana, a nova companhia será a maior do ramo de insumos agrícolas do mundo.
Apesar dos números cada vez maiores de casos de câncer em regiões rurais e urbanas próximas a áreas agrícolas com larga utilização de agrotóxicos, inclusive entre crianças, o país que mantém políticas de incentivo aos agroquímicos com isenção de impostos e leis frouxas ainda inova ao permitir a pulverização aérea de venenos.
Cidades médias e pequenas do interior do estado de São Paulo, localizadas em meio a grandes extensões de terra com monocultura da cana e banana, entre outras, apresentam taxas de incidência de malformações congênitas e diversos tipos de câncer acima da média estadual.
Por Cida de Oliveira
Os mapas produzidos por Larissa Mies Bombardi são chocantes. Quando você acha que já chegou ao fundo do poço, a professora de Geografia Agrária da USP passa para o mapa seguinte. E, acredite, o que era ruim fica pior. Mortes por intoxicação, mortes por suicídio, outras intoxicações causadas pelos agrotóxicos no Brasil. A pesquisadora reuniu os dados sobre os venenos agrícolas em uma sequência cartográfica que dá dimensão complexa a um problema pouco debatido no país.
Apesar da intensa violência contra os povos indígenas e camponeses, no decorrer do ano passado e início deste ano, vale lembrar a brava e heroica resistência da comunidade Kaiowá Guarani de Kurusu Ambá, sob intenso fogo de armas, tendo sido expulsos e seus barracos queimados.
Por Egon Heck*, Do Cimi
O agricultor Maicon Miller está isolado, e não só geograficamente. Aos 20 anos, ele cultiva frutas e verduras orgânicas em uma terra emprestada logo abaixo do Parque Estadual dos Três Picos, em Nova Friburgo, a 97 km do município do Rio de Janeiro. “Nessa região têm meu vizinho e eu. 99,8% é (sic) convencional. Meu vizinho é de fora, do Rio.
Por Raíza Tourinho e Graça Portela*, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)
A Monsanto apresentou ação contra o Escritório do Estado de Avaliação de Riscos de Saúde Ambiental nos tribunais do estado da Califórnia para evitar que se informe aos residentes sobre os riscos dos diferentes produtos químicos e substâncias que causam câncer.
Por Graciela Vizcay Gomez
O Brasil é um dos maiores produtores do mundo de milho, soja e algodão, mas também um dos maiores consumidores de agrotóxicos. Para expor as preocupações relacionadas às consequências do uso desses defensivos agrícolas no ambiente, na saúde do trabalhador e na saúde das pessoas, foi produzido um documentário que revela como algumas corporações conseguem manter esses produtos no mercado através de decisões judiciais, contaminando lençóis freáticos, rios e solo.
Para marcar o Dia Mundial de Combate aos Agrotóxicos, comemorado nesta quinta-feira (3), o Ministério Público do Trabalho (MPT) disponibiliza nova edição da série "MPT em Quadrinhos". A revista em quadrinhos aborda o tema dos agrotóxicos, mostrando que o Brasil é o maior consumidor mundial e apresentando os riscos à saúde do trabalhador e consumidores. O objetivo é levar à sociedade informações de forma lúdica, por meio dos recursos simples das histórias em quadrinhos (HQs).
Um projeto de lei aprovado na Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF) da Câmara de Deputados, nesta quarta-feira (21), prevê a obrigatoriedade da impressão, nas embalagens de alimentos que utilizam agrotóxicos no cultivo de seus ingredientes, de alerta sobre os danos à saúde do consumo destes pesticidas. A medida estabelece que o aviso seja similar ao adotado nas carteiras de cigarro, que estão em vigor desde 2002.
Nesta quinta-feira (10) o tribunal de apelação de Lyon na França condenou a empresa americana Monsanto, líder mundial de biotecnologia de plantas, por intoxicar o agricultor francês Paul François.
Crianças e adolescentes estão entre as principais vítimas dos efeitos nocivos dos agrotóxicos. Um estudo do Departamento de Geografia da USP, com base em dados do Ministério da Saúde e da Fundação Oswaldo Cruz, mostra que entre 2007 e 2014 foram notificadas em todo o país 2.150 intoxicações somente na faixa etária entre 0 e 14 anos. O dado, alarmante, não reflete o real, que pode ser 50 vezes maior. Isso porque de cada 50 casos de intoxicação, apenas um é notificado no serviço de saúde.